A 12ª rodada do leilão do petróleo está marcada para esta quinta-feira (28), no Rio de Janeiro, e prevê a entrega de 240 blocos de petróleo das bacias terrestres sedimentares do Brasil. Os sindicatos de petroleiros e a CSP-Conlutas alertam que esta licitação, além de privatizar as riquezas naturais do país, trará malefícios ao meio ambiente e ameaça às reservas dos aquíferos de água doce.
No Nordeste, onde estão concentradas as maiores áreas a serem leiloadas, os sindicatos têm realizado assembleias para organizar a categoria a fim de barrar este leilão. No Rio de Janeiro, está prevista uma manifestação dia 28 contra a 12ª rodada.
Para o dirigente da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Claiton Coffi, “o governo está fazendo algo escandaloso do ponto de vista ambiental, pois o risco de contaminação do solo com a extração do gás de folhelho [gás de xisto] é grande e o método a ser adotado para extração [fratura de rochas] já condenado em vários países”, alerta. Segundo o dirigente, este leilão, assim como o realizado no Campo de Libra no dia 21 de outubro, fere a soberania do país.
Os trabalhadores que denunciaram a privatização do petróleo e do pré-sal precisam dar continuidade à luta pela anulação do Leilão de Libra, mas também combater o 12ª leilão, representado pela exploração do gás extraído do folhelho betuminoso, que envolve a extração do gás de folhelho a partir da técnica de Fracking (fratura das rochas), por meio de explosões no subsolo. Para isso, é injetado um coquetel com mais de 600 produtos químicos altamente tóxicos, cuja composição é secreta, pois as empresas se escondem por trás de uma legislação de patentes.
Nos Estados Unidos, esta técnica levou a contaminação de aquíferos, lagos e rios, devido ao enxofre que se desloca pelas fendas artificiais. O gás ainda contamina o ar que se respira nas regiões próximas. Estas substâncias tóxicas podem causar câncer, má formação congênita e morte de animais. Existe ainda registro de terremotos associado à técnica do Fracking.
Está previsto ainda o leilão de blocos na bacia do Paraná, acima do Aquífero Guarani, uma das maiores acumulações de água doce do mundo, que também abastece todo o estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além disso, é a fonte de água doce para as populações do Uruguai, Paraguai e Argentina. Alter do Chão, outra fonte de água doce localizada na bacia do Amazonas, também está ameaçada e blocos exploratórios já mapeados na bacia do Acre, nascedouro desse aquífero, estão sendo oferecidos no 12º leilão.
O membro Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes orienta os trabalhadores a se somarem nesta luta para barrar o leilão. “É preciso juntar todos na luta contra essa entrega, por isso, a CSP-Conlutas somará forças nas manifestações desse dia e, juntamente com a FNP, faz um chamado as organizações do moimento para romperem com o governo e reforçarem as mobilizações”.
* Com edição do ANDES-SN
* Imagem: Sindipetro AL/SE