No Dia Internacional da Mulher há todo o tipo de manifestação em alusão à sua importância e seu papel. Comemorações, homenagens, lembranças e reflexões. Nossa entidade assume esta homenagem: promove a inclusão das mulheres em todos os níveis de sua atuação e assume a luta contra os preconceitos, a exclusão, as opressões e as desigualdades. Vislumbramos esse caminho no cotidiano da ADUFPB, consolidando a participação das mulheres nas decisões de nosso sindicato.
A escolha pela vida das mulheres, tema da nossa Semana, dá-se em uma conjuntura de plena instabilidade social, política, econômica e cultural de nosso país. O direito de viver, que parece algo perfeitamente natural ou até mesmo conquistado, garantido pela Constituição, sofre, todos os dias, ataques na medida em que uma mulher tem sua vida ameaçada e não raras vezes, ceifada.
A Paraíba tem cerca de 12 mil processos relativos à violência contra a mulher (dados da juíza Renata Paiva e divulgados para a imprensa). Isso se constitui, sem dúvida, em um número alarmante. Mas é ainda pequeno diante da realidade das subnotificações e dos casos abafados e omitidos do nosso dia a dia.
Basta reparar que a maior concentração de notificações está em Campina Grande e João Pessoa, onde justamente há uma maior conscientização sobre a importância de se oficializar e denunciar a violência. Outras localidades que têm registrado muitos casos são Monteiro, Cajazeiras, Sousa, Guarabira, Cabedelo, Bayeux e Santa Rita.
Em âmbito nacional a situação não é diferente. Foram registrados 4.473 homicídios dolosos em 2017, um aumento de 6,5% em relação a 2016. Isso significa que uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil. Ou seja, 12 mulheres são assassinadas todos os dias, em média, no Brasil.
Esse levantamento foi feito considerando os dados oficiais dos estados relativos a 2017. Desses, 946 são feminicídios, ou seja, casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero. Mulheres morrendo apenas por serem mulheres.
A lei 13.104, de 9 de março de 2015, parágrafo 1º artigo 2, considera que “há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação com a condição de mulher”.
De acordo com a polícia, os feminicídios costumam ter um indicativo de quem é o agressor, já que os assassinos geralmente são conhecidos das vítimas, como ex-maridos. Isso facilita a investigação, mas não parece inibir novos crimes, apontando para uma atmosfera de impunidade e insegurança na família e no lar.
Ainda segundo a polícia, os crimes de feminicídio, no geral, ocorrem em um ambiente doméstico, muitas vezes praticado dentro da própria casa da mulher.
Mas como essas mulheres, vítimas de seus parceiros ou familiares, não percebem e escapam de seus algozes? A resposta é simples e contrasta com a realidade complicada a que muitas mulheres são submetidas em nossa sociedade: a mulher agredida não denuncia seu agressor por estar ligada intimamente a ele, ou por ter uma dependência econômica e afetiva quanto aos filhos, ou mesmo por achar que pode mudar sua situação sozinha, fazer o parceiro mudar.
Há todo um ciclo de violência contra a mulher que é diferente da violência comum, da violência em um roubo, em outro tipo de delito que não envolve uma relação íntima de afeto.
A diretoria da ADUFPB, aproveita esse momento para chamar atenção de toda a comunidade acadêmica, afirmando peremptoriamente que não se pode descansar nem aceitar essa situação. Apesar de termos em nossa história grande participação feminina, reconhecemos que ainda há muito o que fazer no ambiente acadêmico, sindical e social para garantir espaço equânime para as mulheres.
Que esta semana de atividades e reflexão possa ser um ponto a mais nessa batalha cotidiana. Que fortaleça as frentes de luta e resistência para diminuir a violência em todas as esferas sociais. Assim homenageamos as professoras da UFPB, as funcionárias do sindicato e, em especial, todas as diretoras e presidentes que passaram pela ADUFPB nesses 40 anos de luta e defesa dos direitos dos trabalhadores.
Diretoria da ADUFPB
João Pessoa, 8 de Março de 2018
FONTE: ASCOM