Prof. Dr. Dailton Lacerda
DFT/CCS
Membro do Conselho de Representantes da ADUFPB
Entre a perplexidade, a desmotivação, a omissão e a alienação, os docentes da UFPB, que constituem um dos quadros dos SPFs do setor das IFES na PB, caminham por um “universo paralelo”, num processo de ficção às avessas.
No universo paralelo, de uma forma simplista, os sujeitos vivem uma realidade e pensam ou acreditam que estão noutra.
Nossa última AG da ADUF (em 06.09) é uma amostra dessa situação: quase não atingíamos o quorum mínimo representativo, para deliberarmos sobre questões relevantes para o futuro da nossa categoria, das universidades e dos SPFs, apesar de todo esforço da diretoria do nosso sindicato que divulgou maciçamente a pauta, o dia e o local, e de estarmos, na realidade, num momento crítico da conjuntura socioeconômica e política do país, e em particular das universidade e seu conjunto de sujeitos (estudantes, professores e servidores técnicos administrativos).
Em menos de dois anos, tivemos um golpe institucional á nossa democracia (impeachment), com a deposição de uma presidente democraticamente eleita pela maioria do povo brasileiro; ato contínuo, a ascensão ao poder de um grupo que representa os setores mais conservadores das elites do país: o empresariado correntista (com nicho na FIESP da Avenida Paulista); os principais meios de comunicação da mídia hegemônica (o conglomerado Globo e suas extensões televisivas, radiofônicas e escritas – o Globo, revistas Veja, Isto É, jornais FSP, Estadão dentre outros); os setores do agronegócio patrimonialista e latifundiário (UDR e cia); os setores mais atrasados da classe política nacional, hora representado pela “reborréia” do “baixo clero fisiologista” do Congresso Nacional, conhecido como “Centrão”, e; representantes mais conservadores e reacionários do espectro religioso da nossa sociedade, principalmente os setores das igrejas que exploram a boa fé dos segmentos mais pobres da sociedade.
Por outro lado, atualmente, com cerca de 14 milhões de desempregados, congelamento de gastos por vinte anos (vide “PEC do Teto”), Reforma Trabalhista, já aprovada, que retira a proteção social dos trabalhadores, inclusive a nossa, é apenas “a ponta do iceberg” do que está por vir por aí.
Todas as medidas do atual governo ilegítimo, com menos de 5% de aprovação da população (!), nos coloca no epicentro desse situação.
Nós docentes da UFPB/IFES/SPFs, como já destacamos anteriormente, entre perplexos, desmotivados, omissos e alienados, assistimos a “caravana passar” enquanto “os cães ladrem”…
Não estamos compreendendo, ou não queremos compreender, esse ciclo “nebuloso”, para dizer o mínimo. O ataque sistemático a setores estratégicos da nossa base social (educação, saúde, trabalho, etc), retrocedem todas as conquistas sociais e seus avanços ao longo de uma década e meia atrás.
No ensino superior, “nossa praia”, em menos de dois anos o contingenciamento orçamentário sofrido pelas IFES afeta diretamente a produção do conhecimento no ensino, na pesquisa e na extensão e no pleno funcionamento das nossas instituições. O desmonte está sendo rápido e voraz!
O universo real dessa conjuntura causa-nos perplexidade! Dentre suas consequências, assistimos omissos (ou alienados?) o avanço desse ciclo!
Mas no “universo paralelo” dos docentes, nada disso tá acontecendo…
PRECISAMOS REAGIR!