* 01.02.1927 + 17.08.2013
Quantas terras revolvestes
quanta tinta preparastes
quantos cantos descobristes
quantos povos reclamastes…
quantas horas não perdestes
nos desenhos que fizestes
quantas roupas te vestiram
quantos laços, quantas vestes…
quantos sonhos derramastes
quantos tetos revestisses
com cinzéis remodelastes
quantos, quantos assistisses…
quantas glórias desenhastes
quantas armas investisses
quantos golpes desfraldastes
quantas sombras que não vistes…
quantos anos tu cumpristes
quantas mágoas abafastes
quantos séculos desejastes
quantos, quantos insistisses…
quanta dor tu nos legastes
nesta hora crua e triste
quanta falta nos fizestes
bem na hora que partistes…
quanto falta que te veja
novamente em teu sorriso
pois meus olhos se marejam
em fitar teu paraíso…
vai em paz meu irmão
cede a terra aos viventes
vigiai vosso caminho
segue aos céus quão bendizente…
quantos anjos recebestes
quantas auras te vestiram
quantas nuvens percorrestes
quantas mãos te assistiram…
pois aqui na terra somos
teus irmãos em orfandade
cada qual em seus desejos
desejando a eternidade…
que a palavra te acompanhe
te envolva, te abrace
te liberte de teu manto
das sandálias te descalce…
te aconchegue em nova vida
e num corpo leve e pênsil
te devolva ao infinito
em um céu só de silêncio.
Marco di Aurélio