Na noite dessa terça-feira (3), Dia Nacional da Agroecologia, o projeto Realidade Brasileira e Universidade, organizado pela ADUFPB, realizou o debate “A questão da terra e a luta por democracia no Brasil”. O evento aconteceu no Centro de Vivência do campus I da UFPB, dentro das celebrações pelos 45 anos da entidade. Houve plantação de baobá, apresentações musicais, “mística” em nome dos mortos pela covid-19 e falas contundentes. O público lotou o espaço.
O professor Edson Franco, tesoureiro da ADUFPB, abriu o debate com uma breve contextualização do momento que vive a universidade, ainda sob o jugo de uma intervenção. Ele expôs a realidade na qual se encontram as entidades de docentes, de servidores e de estudantes sediadas na universidade, constantemente submetidas a constrangimentos, como ter de pedir permissão à reitoria para realizar qualquer ação. “Nós não vamos pedir nada. A universidade pertence ao povo”, disse.
Logo depois, ele chamou os participantes do debate para compor a mesa: o agricultor e dirigente nacional do MST, João Paulo Rodrigues, e a representante da Coordenação Estadual do MST na Paraíba, Dilei Aparecida Schiochet. Antes, a deputada estadual e professora Cida Ramos, que também participou da mesa, saudou a resistência do MST durante o período do governo Bolsonaro e deu a palavra aos convidados.
João Paulo falou, entre outros temas, sobre agroecologia e recolocação do Brasil no cenário internacional, com forte papel do país na América Latina. “Essa movimentação internacional será importantíssima para a luta política no Brasil”, afirmou. Dilei, por sua vez, discorreu os profissionais que ajudaram o MST a compreender o contexto da pandemia e a se proteger.
Nesse ponto, ela ressaltou a importância do professor Luciano Gomes, do Centro de Ciências Médicas, recentemente denunciado, via ouvidoria da UFPB, por usar uma camiseta do MST em sala de aula. “Ele ajudou o movimento a formar os seus agentes de saúde popular, ensinou o povo a cuidar do povo”, disse.
Impossibilitado de participar do evento noturno, o professor deixou um vídeo para ser exibido no evento, no qual explicou a sua ausência, falou sobre a sua experiência com o MST e defendeu que o papel social da universidade precisa ser radicalizado, no sentido de se comprometer com a transformação da sociedade. “Precisamos de políticas públicas que garantam o direito de todo indivíduo se alimentar de forma saudável, sem danos ao corpo e ao meio ambiente”, ressaltou.
Baobá – Antes do debate, integrantes do MST, acompanhados de diretores da ADUFPB, plantaram uma muda de baobá no jardim da biblioteca da UFPB. O gesto, segundo Gilmar Felipe, assentado e integrante da direção estadual do movimento, é oferecido como homenagem a todos que lutaram (e lutam) por um país melhor. “De maneira específica, no contexto antidemocrático que vive a UFPB, é também um ato de resistência, pois é uma árvore que dura até dois mil anos”, disse.
Na academia, essa resistência, segundo Gilmar, está representada em pessoas como o professor Luciano Gomes. Presente nesse ato, o professor ressaltou, mais uma vez, que a universidade tem muito a aprender com esse movimento. “O MST precisa estar na universidade não somente para aprender, mas para ensinar. Educação popular deve ser vista como troca, como enriquecimento que vem do encontro”, disse, ao concluir o ato.
O baobá, árvore de origem africana, vive até dois mil anos. Enquanto for uma muda, contará com os cuidados da ADUFPB. “A entidade se compromete a cuidar dela até que possa se nutrir por si mesma”, garantiu o secretário geral da entidade, professor Fernando Cunha.
Fonte: Ascom ADUFPB