Como parte das atividades comemorativas dos 40 anos da ADUFPB em 2018, o sindicato dos docentes da UFPB promove nesta quarta-feira, 17/05, às 9h, no Centro de Vivência da UFPB, a abertura da exposição “Sob os paralelepípedos, a praia: o poético e o político em Maio de 68 na França”, uma instalação sobre os 50 anos do movimento “Maio de 68”, ocorrido na França. A exposição acontece de 16 de maio a 1º de junho.
A exposição na UFPB contará com sete torres com cerca de dois metros de altura como suportes para painéis fotográficos repleto de imagens, frases e cartazes da época, além de uma interação imersiva com áudio visual proporcionado por um telão com imagens e sons dos confrontos ocorridos nas ruas de Paris. A ideia é dar uma experiência imagética aos visitantes da instalação, aproximando o público da tensão dos confrontos ocorridos na época.
Antes da abertura, será realizado o debate “Revisitando Maio de 68”, com os professores Carlos Alberto Jales, do departamento de Fundamentação da Educação, e Wellington Pereira, do departamento de Mídias Digitais da UFPB, que farão um relato das vivências e da importância do movimento na França e sua repercussão política e cultural no mundo. O debate acontece às 10h, na Sala de Leitura da ADUFPB e será mediado pelo professor Arturo Gouveia, do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas. O evento é aberto para toda a comunidade da UFPB.
Para o presidente da ADUFPB Cristiano Bonneau, “esta é mais uma atividade político-cultural que o sindicato dos professores proporciona à comunidade acadêmica e, principalmente aos docentes da UFPB, dado à importância dos eventos de Maio de 68 para a história política, filosófica e humanitária da Europa, com reflexos em outros países do mundo”.
Bonneau destaca que esta é apenas uma das atividades que fazem parte da comemoração dos 40 anos do sindicato como entidade representativa dos docentes da Universidade Federal da Paraíba. “Ao longo de 2018 ainda teremos outras ações como esta que agora oferecemos aos professores, estudantes e o público em geral na UFPB. A participação de filiados como o professor Alexandrino de Souza, que traz essa fascinante instalação para as atividades comemorativas dos 40 anos do sindicato, é um estímulo às propostas em andamento. Que outros docentes possam colaborar também para o enriquecimento cultural, político e ideológico da Universidade Federal da Paraíba”.
Sobre a exposição
A exposição “Sob os paralelepípedos, a praia: o poético e o político em Maio de 68 na França” busca reproduzir a atmosfera de uma rua em Paris naquele ano, palco de violentos confrontos entre estudantes que pediam reformas no setor educacional e forças policiais parisienses, bem como contar, de forma imagética, o universo subjetivo e filosófico do movimento que marcou a década dos anos de 1960.
Criada pelo professor Alexandrino de Souza, do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da UFPB, a instalação pretende levar ao público em geral, especialmente aos estudantes universitários e secundaristas que circulam pelo Centro de Vivência da UFPB, um programa cultural que procura aliar informação, reflexão e entretenimento, tendo como base os acontecimentos sociais, culturais e políticos conhecidos como “Maio de 68”. Ao longo do dia, além do debate, será apresentado um pocket show com músicos e instrumentistas da UFPB.
Segundo Alexandrino de Souza, a “uma instalação é o nome que se dá a trabalhos de natureza artística que buscam proporcionar ao espectador uma experiência ao mesmo tempo lúdica, sensorial e cognitiva, através da imersão no universo conceitual que ela recria. Por isso, a exposição no Centro no Centro de Vivência da UFPB dá ênfase à dimensão literária do movimento Maio de 68 protagonizado pelos estudantes universitários, através da reprodução de dezenas de slogans (frases pichadas pelos estudantes nos muros de Paris), no original francês, porém com tradução em português”.
Alexandrino explica que os slogans têm importância na instalação porque podem ser lidos como um tipo de literatura, feita de máximas e aforismos, com frases portadoras de ideias que aguçam o pensamento crítico e desbloqueiam emoções reprimidas. Para ele, “a instalação procura mostrar também a dimensão sociológica do movimento, através de fotos registrando as novas atitudes e comportamentos de uma Paris nos anos de 1960, bem como as manifestações coletivas contra e a favor das ideias daquela época”.
A dimensão estética foi igualmente contemplada na exposição. Através da reprodução de alguns dos mais belos e criativos cartazes produzidos pelos alunos da Escola de Belas-Artes da Sorbonne e da Universidade de Paris 10 (Nanterre), epicentro ideológico do movimento.
O design dos painéis da exposição foi idealizado pelo jornalista, design gráfico e assessor de imprensa da ADUFPB, Ricardo Araújo, juntamente com o professor Alexandrino de Souza, e a intervenção áudio visual foi produzida pelo jornalista Maurício Melo, da Ascom-ADUFPB.
As dimensões política, ideológica e filosófica do movimento também estão assinaladas na exposição, através de frases e imagens de pensadores que inspiraram os estudantes, bem como setores organizados da sociedade francesa, especialmente trabalhadores sindicalizados, intelectuais e artistas.
Para o professor Alexandrino de Souza, a frase “Um homem não é estúpido ou inteligente: ele é livre ou não é”, o inspirou para realização da exposição em maio de 2008, quando montou a instalação pela primeira vez no Centro de Vivência da UFPB. “Agora reedito a exposição para manter acesa a importância desse movimento ocorrido na França 50 anos atrás e que gerou diversos outros movimentos pelo mundo, inclusive no Brasil. Hoje vivemos um contexto que exige mais reflexão política e atitudes dos estudantes, docentes da UFPB e da sociedade diante do que vem acontecendo politicamente no país nos últimos dois anos, com reformas que prejudicam principalmente trabalhadores, estudantes e as classes menos favorecidas da sociedade”.
FONTE: ASCOM ADUFPB