O novo ministro da Educação, o senador eleito Camilo Santana (PT), assumiu o cargo nessa segunda-feira (2), no auditório do edifício-sede do Ministério da Educação (MEC), em Brasília (DF). Integrantes da diretoria do ANDES-SN estiveram presentes na cerimônia de posse do novo ministro junto com representantes de outras entidades sindicais, de movimentos sociais e estudantis, educadoras e educadores, governadoras e governadores, ministras e ministros e parlamentares.
“Nos últimos quatro anos a Educação foi uma das áreas mais atingidas pelo governo anterior, por diversos motivos. E isso coloca para nós uma expectativa muito grande de reconstrução da educação pública do nosso país, o que requer respeito à autonomia e mais orçamento público, além do compromisso de resgatar a educação pública como um direito do povo brasileiro. Por isso, nós estivemos presentes na solenidade de posse do novo ministro da Educação, Camilo Santana”, explica Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN.
Ela ressaltou que o ANDES-SN recebeu o convite para a posse e esteve presente, por considerar importante registrar e valorizar o papel das entidades sindicais nacionais. “Durante todos os anos de governo Bolsonaro, nós resistimos a todos os ataques que a educação pública sofreu e, agora, nós precisamos não só resistir, mas também avançar e ter conquistas no âmbito da educação pública. Nesse sentido, nós esperamos do novo ministro o diálogo com as entidades da educação e o debate sobre as nossas pautas. Esperamos que Camilo Santana possa valorizar o papel das entidades sindicais e estudantis e a perspectiva de conquistas de direitos para a população brasileira no âmbito da educação”, acrescentou.
Durante a cerimônia, Santana afirmou que os nomes para compor a equipe do MEC seguem em definição, mas duas mulheres já estão confirmadas em sua gestão: a ex-governadora do Ceará, Izolda Cela, anunciada como secretária-executiva da Educação, cargo número dois da Pasta, e a ex-secretária de Fazenda também cearense, Fernanda Pacopahyba, que comandará o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Em seu discurso, o novo ministro, que também é ex-governador do Ceará, colocou como “prioridade absoluta” a alfabetização na idade certa de crianças do ensino básico. “Vamos imediatamente garantir a qualidade da merenda escolar nas escolas públicas brasileiras. Essa é uma determinação do presidente Lula. E já pedi um levantamento de todas as obras que estão paralisadas, sejam creches, escolas, universidades, campi. Para garantir a retomada imediata dessas obras tão importantes para os jovens e as crianças desse país. Vamos resgatar também a credibilidade do Enem”, disse.
Em relação ao ensino superior, o novo ministro disse que, no caso das universidades, houve o sucateamento dos centros de pesquisa “com visão equivocada, distorcida e de viés ideológico”. Ele concluiu seu discurso com uma frase do educador Paulo Freire – nome bastante criticado durante a gestão Bolsonaro (PL). “Ninguém liberta ninguém. Ninguém se liberta sozinho. Os homens se libertam em comunhão”, citou Santana.
Reunião
O ANDES-SN protocolou também, no dia da posse do titular do MEC, uma solicitação de audiência com o novo ministro para tratar das pautas da categoria docente. “Em particular, ressaltamos a pauta das intervenções. Nós exigimos que essa vitória da democracia se expresse também nas universidades e institutos federais respeitando os processos internos de escolha de reitores e reitoras. Essa é uma pauta muito cara para nós: a defesa da nossa autonomia em todas as suas dimensões”, lembrou a presidenta do Sindicato Nacional.
Rivânia destacou ainda outras demandas – já apresentadas à equipe de transição – que serão levadas pelo Sindicato Nacional ao novo ministro, como a necessidade de recomposição do orçamento da Educação Federal e da Ciência e Tecnologia, da construção de uma carreira única do Magistério Federal, o fim da reforma do Ensino Médio e da BNCC e o arquivamento definitivo do Reuni Digital, e de qualquer pauta semelhante que amplie o ensino a distância nas instituições públicas.
“Esperamos que esse novo ministro possa ouvir e dialogar sobre as nossas reivindicações. Continuaremos em luta pela nossa pauta que é muito necessária e urgente para a reconstrução da educação pública em nosso país. Camilo Santana traz uma larga experiência, em especial, sobre a educação básica, e esperamos que ele possa dar a atenção que merece a educação superior em nosso país. Sabemos que, por muitos anos, a nossa história é marcada pela exclusão do acesso do povo brasileiro ao ensino superior. Isso precisa ser mudado e só ocorrerá com valorização, orçamento e investimento público na área da educação pública”, concluiu a presidenta do ANDES-SN. Confira aqui a carta encaminhada ao MEC.
Perfil
Ex-governador do Ceará por oito anos (2014-2022) e senador eleito pelo estado, Camilo Santana (PT) tem 54 anos e é formado em agronomia e mestre em desenvolvimento ambiental pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele foi servidor público federal concursado, entre 2003 e 2004, e ocupou o cargo de superintendente adjunto estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Assumiu a Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará, de 2007 a 2010, e depois, em 2010, a Secretaria de Cidades e Desenvolvimento Agrário da gestão do ex-governador Cid Gomes.
Com informações e foto de capa do MEC