Após uma reunião de mais de 11 horas, os estudantes que ocupavam há três dias o prédio da reitoria da UFPB firmaram acordo com a administração central da universidade na manhã desta quinta-feira (3/3). O documento atende a demandas relacionadas, por exemplo, a segurança no campus I, restaurante universitário, auxílio-moradia e melhoria na estrutura do campus IV (Litoral Norte).
Com o acordo, teve fim a greve de fome de quatro alunos, que estavam acorrentados à rampa de acesso da Reitoria desde o dia 23. O processo de negociação foi intermediado pelo Ministério Público Federal, com a participação da Defensoria Pública. A reunião teve início por volta das 20h da quarta-feira e se encerrou apenas às 6h30 desta quinta.
Em entrevista no início da tarde de quinta-feira ao programa Fala Paraíba, da Rádio Tabajara, o presidente da ADUFPB, Marcelo Sitcovsky, disse que a entidade vinha acompanhando de perto a mobilização estudantil desde o primeiro dia de protesto. Segundo ele, a pauta de reivindicações envolve questões que afetam toda a comunidade universitária, como segurança e condições de funcionamento da instituição.
“Decidimos acompanhar para que, inclusive, as negociações ocorressem em clima de tranquilidade”, afirmou Sitcovsky. Segundo ele, “os ânimos se acirraram” depois da tentativa de diálogo com a reitora que resultou em confusão e empurra-empurra na última segunda-feira. E o episódio terminou na ocupação do prédio da reitoria pelos estudantes, que permaneceram no local até meio-dia desta quinta-feira.
“A ADUFPB decidiu participar de forma mais ativa, se colocando à disposição da administração e dos estudantes para mediar aquele conflito. Junto com outros sujeitos que integram a universidade, como a Comissão de Direitos Humanos e o Fórum dos Diretores de Centro, nós decidimos participar para, inclusive, evitar uma possível ação de reintegração de posse imediata da reitoria. Sabíamos que se aquela atitude fosse tomada, seria uma atitude violenta”, disse Sitcovsky.
O presidente da ADUFPB participou das primeiras horas da negociação que resultou no acordo entre estudantes e reitoria. “Felizmente, com a intermediação do Ministério Público, encontrou-se aí um caminho para reiniciar as negociações e ter ações concretas para atendimentos dessa pauta da assistência estudantil na UFPB”, afirmou.
Eleições e Ebserh
Durante a entrevista na Rádio Tabajara, Marcelo Sitcovsky falou também sobre a manobra para aprovação no Conselho Universitário (Consuni) da proposta de inclusão dos funcionários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) no colégio eleitoral da UFPB. A mudança está prevista no regimento do processo eleitoral, votado pelo Consuni no dia 16 de fevereiro, em sessão marcada por muitos protestos e com a tentativa da reitora Margareth Diniz de realização a reunião a portas fechadas.
Por fim, a audiência foi aberta, mas a proposta que dá poder de voto aos funcionários da Ebserh terminou aprovada por 24 votos a 16, com três abstenções. “O resultado dessa reunião descaracteriza o que é a comunidade universitária na UFPB. A comunidade universitária – inclusive isso é estatutário – é composta por professores, técnicos-administrativos e estudantes do quadro da universidade”, reafirmou Marcelo Sitcovsky.
A Ebserh é uma empresa pública de direito privado que administra os hospitais federais do País desde 2011. A entrada da instituição no Hospital Universitário Lauro Wanderley, da UFPB, se deu em 2013. No ano passado, a empresa realizou seleção para contratação de aproximadamente 800 trabalhadores. Segundo Marcelo Sitcovsky, os funcionários da Ebserh são contratados por tempo determinado.
“Trata-se de uma outra entidade cujos funcionários, agora, vão participar da decisão para escolha do reitor”, afirmou o presidente da ADUFPB. “Estamos misturando entidades distintas, estamos permitindo a ingerência da Ebserh em decisão da universidade. Agora, o contrario não acontece. Os professores e os técnico-administrativos da universidade não têm o direito de escolher quem é o superintendente do HU. Nem mesmo os trabalhadores da Ebserh escolhem quem são os dirigentes do HU”, afirmou.
Fonte: Ascom ADUFPB