ARTIGO
O trânsito da vida
Elisalva Madruga Dantas
Professora do DLCV/CCHLA/UFPB
Ao nascermos, abandonamos o aconchegante ninho do útero materno e saímos, ainda tontos, para o mundo, sem saber o que nos espera. Somos cercados pelo carinho dos familiares e dos amigos que vêm festejar o rebento. E, entre mimos e cuidados, vamos crescendo, mas ainda dentro de certa redoma, o nosso lar, protegido por todos aqueles nos cercam. Aos poucos, vamos colocando os pés no mundo de fora, indo para a escola, fazendo novos amigos, desvelando passo a passo o espaço que nos rodeia. Crescemos, nos tornamos adultos. A necessidade de criar nosso próprio caminho vai nos levando a outros universos, entre eles o do trabalho, onde, através do que vamos aprendendo nas academias, principalmente, na academia da vida, sentimos a necessidade de compartilhar com outros nossas vivências, nossas descobertas. Movidos por essa necessidade, muitos ingressam nas mais diversas profissões, entre elas a de Professor e, entre outras vias possíveis de concretizar seus sonhos, ingressam nas Universidades, palco de muitos encontros, de convergências e divergências, de debates científicos, políticos e culturais. Uns mais afeitos à ciência, outros sem deixá-la de lado, mais comprometidos com os problemas políticos. Todos, entretanto, de uma forma ou de outra, imbricados nessa tríade e contribuindo efetivamente para o conhecimento e desenvolvimento da cultura do seu local, do seu país, do mundo. E, vamos partindo, seguindo cada qual seu rumo, tomando diferentes direções. Até que um dia, sentimos necessidade de deixar nossos lugares para outros e nos aposentamos. Saímos do centro desse universo, ainda que não nos desliguemos de todo dele. E, vamos partindo. Um dia, porém, partimos de vez, saímos dessa vida para outra dimensão, deixando aqui nosso legado, construído à base de luta, de esforço, de incansáveis batalhas; deixando aqui as marcas da nossa existência feita de risos, choros, alegria, tristezas, realizações, frustrações. E, enquanto não chega a nossa hora, vamos assistindo impotentemente à partida dos que conosco conviveram, vamos dando adeus aos colegas, uns mais chegados, outros não tanto, mas com quem de uma forma ou de outra, inevitavelmente, enriquecemos nosso viver, aprendendo com seus exemplos, sejam eles positivos ou negativos. Tudo nos serve de lição. E, chorosos, assistimos a suas partidas, agradecendo suas presenças em nossas vidas e de tantas outras pessoas. Sigam em Paz! É tudo que lhes desejamos.
Breve texto, movido pela tristeza da perda recente dos colegas Beliza Áurea e Giovanni da Silva de Queiroz, jovens colegas, arrebatados tão repentinamente do nosso meio, com quem convivi de perto, e tantos outros que, à sua maneira, ajudaram a formar tantas gerações, colaboraram para o crescimento de nossa Universidade.