A UFPB vive hoje o pior momento de sua história. O método do governo federal foi transportado para a universidade. Trata-se do caos como método.
O tempo todo apostam no caos, na desinformação e no esvaziamento dos conselhos superiores como espaços democráticos de decisão.
Estão atacando os professores e as professoras da UFPB, espalham mentiras e tentam nos colocar como responsáveis pelo não retorno imediato ao ensino presencial. Mas é preciso reestabelecer a verdade!
Desde os primeiros momentos desta terrível pandemia, professores(as) da UFPB colocaram toda sua expertise no combate à pandemia. Nossas pesquisas, nossa força de trabalho foram colocadas à disposição de governos municipais, estaduais e do próprio governo federal oferecendo o que temos de melhor, contribuindo no desenvolvimento de equipamentos, procedimentos, protocolos, tecnologia nas mais variadas áreas do conhecimento.
Além disso, fomos obrigados a transformar nossas casas em ambientes que pudessem garantir atividades de ensino no formato remoto. Não deixamos de trabalhar. Aliás, intensificamos o trabalho, com condições precárias em muitos casos. Mesmo com avaliação crítica sobre o ensino remoto, não deixamos de fazer o máximo para minimizar os impactos da pandemia no processo de formação.
Professores(as), desde o ano passado, vêm defendendo o retorno presencial, pois reconhecem os limites acadêmicos do ensino remoto. Mas, ao fazê-lo, colocam a necessidade de que sejam garantidas condições mínimas para assegurar biossegurança.
Desde o ano passado, diretores de centro vêm apresentando um conjunto de medidas que precisam ser adotadas. Apenas a título de exemplo: janelas que precisam ser desbloqueadas para que haja circulação de ar nos ambientes; ampliação, reforma e construção de banheiros – uma vez que, até hoje, parte desses equipamentos fundamentais para a biossegurança estão interditados; manutenção de aparelhos de ar-condicionado – depois de quase um ano esperando a contratação, a empresa contratada não iniciou os trabalhos; definição de uma política de rastreamento de casos de Covid; protocolo para os casos suspeitos e os casos confirmados.
Essas questões apresentadas pela comunidade universitária permanecem ser respostas. Não tem sido fácil enfrentar essa política do caos que estão tentando instituir a todo custo na universidade.
A situação me parece está sendo agravada a cada dia. Explico:
- A proposta aprovada quarta-feira (16/2) de adiamento das aulas presenciais por 30 dias, iniciando no formato remoto foi da reitoria. Isso, inclusive, fica claro com a leitura da ata da reunião entre reitoria e direções de centro. O pedido encaminhado ao Consepe também comprova a iniciativa do pedido de adiamento;
- Ao afirmar na imprensa que tal mudança não se justifica, comparando a UFPB a espaços públicos de natureza completamente diferente (farmácia, clínica, supermercado e outras instituições públicas), além de distorcer os fatos que levaram o Consepe a adotar tal posição, a reitoria não apenas profere inverdades, mas macula a imagem da instituição – algo previsto no estatuto, salvo melhor juízo, como uma falta grave. A UFPB tem um público interno superior à população de diversos municípios paraibanos e a comparação feita com esses espaços desconsidera que na universidade a aglomeração é parte constitutiva de sua dinâmica;
- Cabe ressaltar que a própria Comissão de Biossegurança Institucional – CBI indicou o adiamento em seu último relatório em razão da situação atual da pandemia dentro e fora da universidade. Os dados de testagem na UFPB no último período indicaram cerca de 50% de casos confirmados, uma situação que exige cuidado;
- Os argumentos levantados durante a reunião do Consepe resgatavam questões estruturais emergenciais que precisam ser solucionadas, a exemplos de janelas bloqueadas e banheiros inoperantes;
A exigência do passaporte vacinal presente no relatório aprovado ontem no Consepe é algo muito importante. O STF já formou maioria no julgamento virtual que trata da autonomia que as universidades têm para adotar tal exigência.
É preciso, sim, reestabelecer a verdade perante a opinião pública. É igualmente necessário tratar dessas questões na instância máxima (Consuni), por mais desgastante que isso seja.
Muita energia vem sendo consumida nestes debates, energia que poderia estar sendo canalizada para enfrentar os verdadeiros problemas, como as questões estruturais que dividem espaço, inclusive, com uma política de cortes e contingenciamentos orçamentários.
Felizmente ainda temos os(as) que insistem em lutar e resistir!
Marcelo Sitcovsky
Prof. do Departamento de Serviço Social
Vice-diretor do CCHLA