Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Grupo de Teatro da ADUFPB apresenta no próximo sábado (8/3) a montagem “As Cartas de Anayde”. A direção é do professor Carlos Cartaxo e o texto é de autoria do professor de filosofia e escritor José Flávio Silva, baseada no livro “Anayde Beiriz – Panthera dos olhos dormentes” do médico e escritor Marcus Aranha. Ele fala de uma Anayde intelectual, leitora, apaixonada, feminina e moderna, o que a fazia uma mulher além do seu tempo.
A apresentação será a partir das 20h, na sede sociocultural da ADUFPB, localizada na rua Gilvan Muribeca, n. 88, no bairro do Cabo Branco (ao lado do Jangada Clube), em João Pessoa. A entrada é gratuita. Nesta sexta-feira (7/3), no mesmo local, haverá também às 20h um ensaio aberto ao público, com figurino, som e iluminação.
O elenco é formado por Anadete Alves do Nascimento, Ananda Freitas, Georgina Furtado, Laura Sitcovsky, Paulo Medeiros, Sevi Faustino e Waglânia Freitas.
A peça, assim como o livro, aborda a troca de correspondência entre Anayde e o homem que foi verdadeiramente seu grande amor: o estudante de medicina Heriberto Paiva. O livro teve como fonte de pesquisa o próprio diário de Anayde, intitulado “Cartas do meu grande amor – Dolorosas reminiscências do sonho desfeito da minha mocidade”, ao qual Marcus Aranha teve acesso e se inspirou para escrever sua obra. A família de Anaydeautorizou a Aranha a publicação das cartas. A partir do livro, Flávio Silva escreveu o monólogo “As Cartas de Anayde”.
A encenação é de Carlos Cartaxo que é doutor em Artes Visuais e Educação pela Universidade de Barcelona (2013). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal da Paraíba (1987). Especialista em Educação Superior pela Universidade da Amazônia (1992). Possui graduação em Engenharia Mecânica pela UFPB (1983) e graduação em Educação Artística também pela UFPB (1987).
Atualmente é professor efetivo da Universidade Federal da Paraíba. Tem experiência na área de Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: Artes Cênicas, com dezenas de peças encenadas e como ator e autor teatral; Artes Visuais, com artigos, exposições e cenários projetados; educação, como professor do ensino fundamental, médio e superior. Tem vários livros escritos, dentre eles, o romance “A família Canuto e a luta camponesa na Amazônia” que foi agraciado com o Prêmio Jabuti de Literatura da Câmara Brasileira do Livro.
Cartaxo buscou, nesse trabalho, uma narrativa que fortalece a poética no que concerne ao diálogo literário entre Heriberto Paiva e Anayde Beiriz. O forte é a carga dramática que as cartas conduzem. Todo trabalho de interpretação foi construído a partir das metáforas e entrelinhas que a literatura produzida por Anayde e Heriberto transmitem.
Segundo Carlos Cartaxo, “encenar um texto cujo foco é Anayde é abrir o debate em que a mulher se posiciona como elemento central na sociedade pós-moderna”. Ele afirma, ainda, que “a Anayde que a peça aborda, não é aquela que esteve no meio do conflito político entre João Dantas e João Pessoa. Muito menos aquela que Tizuka Yamazaki trata, equivocadamente, no filme ‘Parahyba mulher macho’, como amante de João Dantas. Mas, a mulher à frente de seu tempo na década de 20 do século passado, escritora e leitora ávida, intelectual que frequentava saraus poéticos e foi apaixonada pelo estudante de medicina Heriberto Paiva. O rapaz estudava no Rio de Janeiro e ela morava em Parahyba do Norte. A distância fazia do namoro uma troca de cartas de amor, declarações e projetos de construção familiar. Todavia, a intelectualidade que fazia par à sensibilidade de Anayde, provocou o rompimento na relação amorosa do casal. A peça foca a mulher dinâmica, professora, que rompia paradigmas até com seu corte decabelo”.
O diretor da peça enfatiza também que essa é a Anayde que poucos conhecem. “Entretanto, deve-se focá-la, reparando a história. Por isso o Grupo de Teatro da ADUFPB traz à cena, uma mulher, professora e escritora que frequentava os círculos literários devanguarda de Parahyba do Norte da década de 20 do século passado (hoje João Pessoa), que merece ser resgatada como um símbolo intelectual do povo paraibano”.
Fonte: Ascom ADUFPB