Os professores da UFPB aprovaram na quinta-feira (14/6) a continuidade da greve da categoria que já dura 29 dias. A decisão foi tomada em assembleia geral, no auditório do CCS, no Campus I. Esta é a segunda assembleia que os docentes realizam desde o início do movimento, em 17 de maio.

Os professores também aprovaram a realização de um Ato Público Unificado com as demais categorias de servidores públicos federais (SPFs) em greve. O local e a data ainda serão definidos. Nesta sexta-feira (15), o Comando Local de Greve reúne diversos sindicatos locais dos SPFs na sede da ADUFPB para definir atividades conjuntas para fortalecer o movimento.

A assembleia também deliberou pela realização de reuniões por centro para discutir e analisar a proposta que será apresentada pelo governo na próxima terça-feira (29/6), conforme foi acordado entre o Ministério do Planejamento e os sindicatos docentes no dia 12/6. A atividade será realizada nos dias 20 e 21 de junho (quarta e quinta-feira) e uma nova assembleia acontecerá também no dia 21, às 15h, para que os professores possam fazer uma análise geral da proposta.

Com a presença de 75 docentes, a reunião desta quinta-feira foi iniciada com uma apresentação da professora Marília Gabriela Cavalcanti sobre o movimento docente na mídia. Ela mostrou como a greve está repercutindo nos veículos de imprensa e nas redes sociais. Segundo o levantamento, os principais veículos do País demoraram para abordar o assunto. Alguns, como a revista Veja impressa, continuam sem repercutir o movimento.

Professora Marília mostrou um panorama da greve na mídia

A professora Marília mostrou que parte da imprensa tem mostrado a greve apenas como um fator de prejuízo para os alunos e para a educação do País, sem mencionar com clareza a situação dos professores que levaram à deflagração do movimento.

Apesar dessa abordagem da imprensa, o governo vem mudando o discurso em relação à greve. Segundo o levantamento feito pela professora Marília, enquanto no início do movimento o ministro Aloízio Mercadante se mostrava intransigente, declarava que não negociaria e que isso ficaria a cargo do Ministério do Planejamento, nos últimos dias ele declarou que vai pessoalmente participar da negociação com os grevistas.

Em contraposição à grande imprensa, as redes sociais vêm trabalhando em favor do movimento. No Twitter e no Facebook, as pessoas estão compartilhando mensagens a respeito da realidade salarial dos professores, das precárias condições das universidades brasileiras e da pouca importância que a mídia está dando à greve.

As redes sociais frequentemente também destacam as contradições entre o discurso do passado e o atual do ministro Mercadante e da presidente Dilma. Enquanto em outros momentos eles se mostraram defensores de uma política de valorização do salário dos professores, hoje se mostram intransigentes às reivindicações dos docentes.

A professora Marília também lembrou o pedido de “trégua” que o Ministério do Planejamento fez aos professores na reunião da última terça-feira (12/6), condicionando ao cumprimento dessa exigência a apresentação de uma proposta de reestruturação da carreira docente no prazo de 20 dias. Os movimentos docentes recusaram imediatamente a possibilidade de suspender a greve e Governo terminou voltando atrás, mantendo a negociação e se compromentendo a apresentar a proposta na próxima terça-feira, dia 19.

Vale lembrar, segundo a professora Marília, que o pedido de trégua veio justamente na semana que o Brasil ganha mais visibilidade internacional em razão da Rio +20, evento que reúne no Rio de Janeiro líderes de várias partes do mundo.

 

Informes

Os professores Marcos Montenegro, Pablo Andrada e João Francisco da Silva apresentaram alguns informes relativos a participação da Paraíba em atividades do Comando Nacional de Greve do Andes-SN. A maior delas foi a marcha dos servidores públicos federais a Brasília, realizada no dia 5 junho com a participação de 25 mil pessoas, que obrigou o governo a receber naquele dia representantes das 31 entidades que participam do Fórum dos SPFs.

 

Reunião com a PRPG

Outro informe, dado pelo professor Fernando Cunha, foi da reunião do Comando Local de Greve com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação, que será realizada na segunda-feira, dia 18/6, às 9h, no auditório da Reitoria. A atividade foi deliberada na última assembleia e tem como objetivo construir uma estratégia para agregar a pós-graduação à greve. Por enquanto, as atividades da pós continuam funcionando, apesar de algumas (a exemplo de antropologia e enfermagem) já terem levantado a possibilidade de parar.

 

Médicos

O professor Wladimir Pinheiro também informou sobre a participação do Comando Local de Greve na manifestação dos médicos organizada pelo Conselho de Medicina no centro de João Pessoa no dia 12/6. A atividade contou também com o apoio do Sintespb (Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba) e reuniu cerca de 100 pessoas.

A manifestação foi contra a Medida Provisória 568, publicada pelo Governo às vésperas do início da greve dos professores reajustando salários de 30 categorias de servidores. Os médicos consideram que a MP provocaria problemas na remuneração da categoria, com perdas de até 50%. Na semana passada, o governo anunciou que o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) apresentará emenda ao texto, corrigindo a estrutura de remuneração dos profissionais de saúde.

 

Análise

Para esclarecer mais os docentes, o professor Jaldes Reis de Meneses apresentou uma análise de conjuntura a respeito da greve. Ele voltou a destacar que o movimento é o mais forte desde 1998. Atualmente, 54 instituições federais de ensino estão paralisadas, entre elas, duas que não são da base do Andes: UFGO e UFCE.

“Isso nos leva a crer que teremos todo o conjunto das instituições aderindo à greve nos próximos dias, coisa que não conseguimos em todo o período do governo Lula”, declarou. De acordo com ele, a avaliação do Comando Local de Greve é a de apostar tanto na greve dos docentes como na dos Servidores Públicos Federais.

O professor Jaldes afirmou, ainda, que a proposta do governo de 20 dias de trégua foi considerada pelo movimento sindical como indecorosa. “É como tentar parar um trem”, disse. Segundo ele, o episódio fez o governo se dobrar o movimento docente e serviu para mostrar que o Ministério do Planejamento negocia, sim, com trabalhador em greve.

 

Fonte: Ascom ADUFPB