Em quíchua, língua indígena ainda hoje falada na região central dos Andes, Pacha Mama significa Mãe Terra. A simbologia desse termo, que abarca o sentido da vida, o nascimento, a maternidade e a proteção do planeta, serve como guia para as ações da Coletiva de Mães Pachamamá, organização sem fins lucrativos que, desde 2017, atua como grupo político-cultural em defesa de mães e crianças desamparadas em João Pessoa. A mais recente campanha do grupo, iniciada em maio deste ano, intitula-se Fartura na Casa das Mães.
A proposta é arrecadar e distribuir cestas alimentícias, material de higiene, kit anti-covid e material pedagógico para essas famílias, cuja vulnerabilidade social se aprofundou com a pandemia de covid-19. Essa mesma ação aconteceu entre maio de 2020 e maio de 2021, também com uma série de mobilizações. No entanto, com a expansão do período pandêmico e o agravamento da crise econômica no país, a Pachamamá, além de dar continuidade à campanha, está buscando meios para estruturar um sistema de apoio que atenda às demandas crescentes pelos próximos seis meses.
“A campanha Fartura na casa das Mães é uma ação que prioriza as mulheres mães de família, que são as que mais estão sofrendo nesta pandemia, com o desemprego e, consequentemente, a fome. Não tem sofrimento maior do que ver um filho com fome e não ter nada para alimentá-lo”, diz Karla Maria Barbosa, uma das articuladoras da Pachamamá. A meta, segundo ela, é distribuir 500 cestas e beneficiar cerca de 1,8 mil pessoas, ao final desse semestre.
Acolhimento emocional
A organização Coletiva de Mães Pachamamá é formada por 100 mulheres/mães que atuam não somente nas campanhas de arrecadação, mas com acolhimento emocional e engajamento político, tendo a arte e a cultura como fios condutores do protagonismo materno. O objetivo é inserir mais mães nos espaços culturais, debater o empoderamento feminino e a “maternância” (maternar ativamente, com consciência de classe, raça e gênero) e incentivar a economia criativa. “É uma ação que atende mães solos e também pessoas LGBTQI+, quilombolas, ribeirinhos, indígenas e refugiados”, acrescenta Karla.
Além da arrecadação, a coletiva disponibilizou, nas suas redes sociais, uma série de conteúdos relacionados à maternidade e aos desafios da pandemia. O destaque é o monitoramento da vacinação de gestantes – com apoio e informações para aquelas que, por alguma razão, não conseguiram Acolhimento emocional Campanha se vacinar. As comunidades beneficiadas estão no Porto do Capim, no Quilombo de Paratibe, em associações de moradores, na ocupação do Bairro das Indústrias e entre povos indígenas da etnia Warao (Venezuela).
Agravamento
No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), as mães solo representam 37% de todas as famílias. Com a crise sanitária, creches e escolas da rede pública foram fechadas, o que piorou a situação dessas mães. Muitas delas, por não terem com quem deixar os filhos, precisaram largar os seus postos de trabalho.
Como principais responsáveis pelo provimento de alimentação, moradia e cuidados com a família, e impedidas de trabalhar, elas conviveram com algum grau de insegurança alimentar, nesta pandemia. No período, mais de 11% das casas chefiadas por mulheres foram atingidas pela fome – nos domicílios onde a pessoa de referência é um homem, esse índice cai para 7,7%.
Campanha
A ADUFPB, por meio do Comitê Mulheres em Resistência, apoia a iniciativa da Coletiva Pachamamá e convida os professores e professoras da UFPB a fazerem parte dessa rede solidária. A ajuda pode ser tanto por meio da doação dos itens necessários quanto por transferência bancária. Quem preferir entregar os produtos pode fazê-lo na sede sociocultural da ADUFPB, na praia Cabo Branco, ao lado do antigo Jangada Clube. Já a contribuição em dinheiro pode ser realizada pela CHAVE PIX coletivapachamama@gmail.com, na conta corrente em nome de Karla Maria da Silva Barbosa, do Banco do Brasil.
O QUE DOAR
- Produtos alimentícios (kit cesta básica);
- Álcool, máscara e sabão neutro (kit anti-covid);
- Fraldas, lenço umedecido, pomada para assadura (kit higiene infantil);
- Absorvente, desodorante, creme dental, shampoo (kit higiene feminina);
- Massinha de modelar, papel, tinta guache, lápis, borracha, pincel (kit pedagógico infantil).
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Fonte: Ascom ADUFPB