Nesta segunda-feira, 8 de março, o mundo lembra a história de luta das mulheres por igualdade, direitos e dignidade. O Dia Internacional da Mulher está longe de ser um momento de pura celebração. Ele é, antes disso, a reafirmação de que ainda há um longo caminho a percorrer até a extinção do modelo patriarcal que oprime e subjuga mulheres de todas as idades, etnias, crenças e classes sociais.
Inspirada nesse espírito de luta, a ADUFPB realiza ao longo dos próximos quatro dias a 2ª Semana Mulheres em Resistência, com uma programação ampla que inclui debate, palestra, mesa-redonda e uma vigília virtual. Em pauta, vão estar temas como educação, trabalho digno e os efeitos da pandemia sobre a saúde da mulher.
“Cada dia da semana nós vamos ter atividades diferentes e a ideia é a mesma: promover debates e reflexões, ampliar e aprofundar temas que dizem respeito à complexidade da atual conjuntura”, explica a diretora Cultural da ADUFPB, Sandra Luna. Segundo ela, a Semana Mulheres em Resistência está inserida na Jornada 8 de Março, realizada anualmente pelo conjunto das entidades de mulheres e feministas da Paraíba, e a ADUFPB participa ativamente desse movimento.
No ano passado, o evento ocorreu pouco antes do início das medidas de distanciamento social decorrentes da pandemia de covid-19, portanto as atividades foram todas presenciais. “Havia sido um compromisso nosso de campanha fortalecer a pauta da luta das mulheres na ADUFPB, que já tem uma história consolidada dentro das lutas feministas”, afirma Sandra Luna.
Este ano, com a continuidade da pandemia, os encontros terão que ser virtuais, com transmissão pelo Youtube da ADUFPB (www.youtube.com/ADUFPB). “Nem por isso o evento deste ano é menos expressivo, inclusive quantitativamente. Nós estamos conseguindo reunir quase o mesmo número de mulheres que foi possível reunir no ano passado”, explica Sandra Luna. Aproximadamente 30 mulheres devem participar dos quatro dias de atividade.
Resistência
A abertura do evento, nesta segunda-feira, será às 15h, com a mesa-redonda “Mulheres em Resistência”. Participam dos debates a promotora de Justiça do Ministério Público da Paraíba, Rosane Araújo e as professoras da UFPB Cida Ramos (docente do Departamento de Serviço e também deputada estadual), Glória Rabay (Departamento de Comunicação) e Anita Leocádia dos Santos (Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais).
“As professoras Cida Ramos, Glória Rabay e Anita Leocádia são três expoentes das lutas feministas tanto no âmbito da academia, como também fora dela. São mulheres muito conhecidas desses movimentos sobre perspectivas diversas. Além disso, vamos ter a participação também da promotora Rosana Araújo, que sempre nos orienta e nos acompanha nos movimentos de mulheres”, acrescenta a diretora Cultural da ADUFPB.
Saúde mental
Na terça-feira, dia 9, também a partir das 15h, ocorrerá a palestra “Os impactos da pandemia na vida e na saúde mental das mulheres”, ministrada pela psicanalista, mestre em planejamento e políticas sociais pela London School of Economics, Ivanisa Teitelroit Martins. “Nós sabemos que, com o isolamento, uma série de fatores tem contribuído para o esgotamento, a instabilidade emocional e as alterações no campo psíquico e físico das mulheres. Por isso entendemos como urgente um debate sobre esse tema da saúde mental”, explica Sandra Luna.
Segundo ela, já sobrecarregadas com as tarefas domésticas, as mulheres sofreram mais com as mudanças do chamado “novo normal”, como o aumento dos cuidados com a higienização da casa e dos objetos. A “tripla jornada” de trabalhadora, mãe e dona de casa se transformou numa jornada única, mas com tarefas múltiplas e simultâneas que não têm hora para acabar. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Paraíba é o estado do país com maior diferença entre homens e mulheres na quantidade de horas dedicadas ao trabalho doméstico. Elas chegam a passar 13 horas a mais que eles por semana cuidando da casa.
“A sobrecarga de coisas a fazer, a preocupação, a ansiedade, a angústia com o isolamento em si, o sofrimento, a dor, a expectativa com a vacina e a falta de um planejamento claro para lidar com a pandemia: tudo isso tem contribuído de maneira muito negativa para a saúde mental das mulheres”, avalia Sandra Luna.
A psicanalista Ivanisa Teitelroit Martins, convidada para falar sobre o tema dos impactos da pandemia na saúde mental, é mestre em Psicologia Clínica e especialista em teoria psicanalítica. “Ivanisa Martins é uma mulher de muita experiência, representa muito bem os movimentos de mulheres, as lutas e tem muita experiência em gestão pública. E, além disso, atende na clínica e com certeza acumulou nesse último ano experiência e informações que podem enriquecer o debate sobre a saúde mental na vida das mulheres’, acrescenta a diretora Cultural da ADUFPB.
Vigília
No terceiro dia do evento (quarta-feira, 10/3), será realizada uma vigília virtual com o tema “Pela vida das mulheres”. A atividade começa às 15h e segue até 18h. Segundo Sandra Luna, o modelo desse terceiro evento foi pensado para atender ao desejo da ADUFPB de promover um debate rico e diversificado, que contemple o amplo espectro do Movimento de Mulheres e Feministas que trabalha ativamente na construção do 8 de março.
Serão cerca de 30 participantes, todas mulheres que militam tanto dentro, quanto fora da universidade, e que representam as pautas mais diversas que hoje compõem o movimento no estado. “A vigília tem justamente esse objetivo de congregar um número maior e de dar uma amostra da representatividade dessa luta, uma luta coletiva, muito articulada e organizada”, acrescenta Sandra Luna. Segundo ela, é um orgulho para a ADUFPB reunir tantas mulheres experientes, combativas em várias instâncias da vida social e política.
Educação e trabalho digno
O último dia da programação (quinta-feira, 11/3) foi construído em articulação com o Movimento de Mulheres e Feministas. Trata-se de um dia de mobilização, que irá culminar, às 19h, com uma mesa-redonda sobre o tema “Mulheres, educação e trabalho digno”, definido em plenária pelas próprias lideranças da Jornada 8 de Março na Paraíba.
“É preciso aprofundar o debate sobre a questão da educação. Muitas vezes existe a tendência de se criar uma dicotomia muito simplista entre aula presencial e aula remota. Mas as coisas não são bem assim. Entre as escolhas possíveis, há a ameaça real e mortal da covid-19. Então essa é uma questão que precisa ser debatida com muito cuidado”, argumenta Sandra Luna.
Ela acrescenta: “Nós conseguimos montar uma mesa de especialistas. Na mediação está a professora Rita Porto, diretora de Políticas Educacionais da ADUFPB. Temos também Rama Dantas [política e professora da rede municipal de João Pessoa], que vai falar sobre a educação básica. Temos uma representante do Levante Popular da Juventude, que irá falar pela população estudantil, o que pensam neste momento, diante da cobrança por retorno das atividades presenciais. E, ainda, temos Samanta Guedes, que tem trabalhado a temática da covid como uma doença do trabalho e nós não temos dúvida de que essa discussão é fundamental neste momento”, conclui.
Confira a programação completa:
2ª Semana Mulheres em Resistência
De 08 a 11/03
Transmissão pelo canal da ADUFPB no Youtube
8 de março (segunda-feira)
MESA-REDONDA
Tema: Mulheres em Resistência
Das 15 às 17 horas
Debatedoras:
Profa. Dra. Cida Ramos – Deputada Estadual do PSB e Professora do Departamento de Serviço Social/CCHLA/UFPB
Dra. Rosane Maria Araújo e Oliveira – Promotora de Justiça de Defesa da Mulher em João Pessoa – Ministério Público da Paraíba (MPPB)
Profa. Dra. Glória de Lourdes Freire Rabay – Professora do Departamento de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da UFPB.
Profa. Dra. Anita Leocádia Pereira dos Santos – Professora do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais da UFPB e membro do NIPAM/CE/UFPB.
Mediadora:
Profa. Dra. Iranice Gonçalves Muniz – Professora do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da UFPB em Bananeiras, ativista de Direitos Humanos e diretora da Secretaria-Adjunta da ADUFPB Bananeiras
9 de março (terça-feira)
PALESTRA
Tema: Os impactos da pandemia na vida e na saúde mental das mulheres
A partir das 15 horas
Palestrante:
Profa. Dra. Ivanisa Teitelroit Martins – Psicanalista, cientista social e gestora de políticas públicas. Mestre em Planejamento Social pela London School of Economics. Trabalha no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e na Sociedade de Psicanálise e Escola Letra Freudiana
Mediadora:
Profa. Dra. Sandra Luna – Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPB e Diretora Cultural da ADUFPB
10 de março (quarta-feira)
VIGÍLIA
Das 15 às 18 horas
Tema: Pela vida das mulheres
Participantes: Várias representantes dos Movimentos de Mulheres e Feministas da Paraíba
11 de março (quinta-feira)
ATO VIRTUAL*
Mulheres, educação e trabalho digno
(*) Construído junto com os Movimentos de Mulheres e Feministas da Paraíba
MESA-REDONDA
Mediadora: Profa. Dra. Rita Porto – Diretora de Políticas Educacionais da ADUFPB
Co-mediadora: Marina Blank – LIS (Liberdade, Igualdade e Sororidade)
Das 19 às 21horas
Fonte: Ascom ADUFPB