Professores, servidores técnicos-administrativos e estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizaram nesta quarta-feira (8/5) uma plenária conjunta no Centro de Vivência do campus I, em João Pessoa, para discutir o corte de mais de 30% nos recursos da instituição. A atividade, que começou às 16h30 e se estendeu até aproximadamente 18h, reuniu também estudantes secundaristas, vereadores, deputados estaduais e representantes de partidos políticos.
Entre as deliberações definidas está a realização de atividade de rua em João Pessoa no dia 15 de maio, quando será realizada em todo o país a Greve Nacional da Educação, convocada por entidades do setor. A concentração será às 8h, no Lyceu Paraibano, com caminhada para o Parque da Lagoa, onde haverá uma ação chamada “Universidade na Praça”, com exposição de trabalhos de extensão universitária e serviços à comunidade. Às 14h, ocorrerá uma audiência pública na Assembleia Legislativa da Paraíba.
Após os debates, o público que participou da plenária seguiu em caminhada pelo campus I e pela Via Expressa Padre Zé, avenida que dá acesso à universidade, parando o trânsito nas duas faixas. O protesto se seguiu até perto das 20h.
Convocada pela ADUFPB, pelo Sintespb e pelo DCE, a plenária em defesa da universidade reuniu cerca de mil pessoas no Centro de Vivência. A atividade foi considerada pela Diretoria da ADUFPB um grande marco na resistência na Paraíba à repressão e aos ataques do governo Bolsonaro. “A comunidade universitária mostrou que não vai baixar a cabeça, não irá ceder a chantagens deste governo e defenderá bravamente a Democracia e a educação pública neste país”, analisou o presidente do sindicato, Cristiano Bonneau.
Durante a plenária, a pró-reitora de Planejamento e Desenvolvimento da UFPB, Elizete Ventura, apresentou alguns dados sobre o impacto da medida anunciada no dia 30 de abril pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Foram bloqueados, só na UFPB, R$ 44.742.865,00 de recursos de custeio e R$ 5.645.537,00 oriundos de emendas da bancada federal de deputados e de senadores, que totalizam um corte de 32,75% no orçamento da instituição para este ano.
Segundo a pró-reitora, o corte vai impactar não apenas a universidade, como toda a economia da Paraíba. Ela explica que, somados os recursos retirados da UFPB, da UFCG e dos institutos federais, deixarão de circular na Paraíba quase R$ 92 milhões este ano. “O que estão matando de inanição é o futuro deste país”, declarou Elizete Ventura.
Além disso, deixarão de ser pagas 2,3 mil bolsas aos estudantes da instituição e 713 funcionários terceirizados podem ser demitidos. De acordo com a pró-reitora, há risco da universidade fechar as portas. “Simplesmente porque nós não temos como manter a universidade funcionando com esse volume a menos de recursos”.
Defesa do pensamento crítico
Representando a diretoria da ADUFPB, o professor Marcelo Sitcovsky declarou que o país não pode abrir mão da pluralidade de ideias, do enfrentamento e do pensamento crítico que representam as universidades públicas. “E é isso que ameaça o governo Bolsonaro. É isso o que não aceita o ministro da Educação. Eles não toleram a divergência, a diferença, a pluralidade. Querem impor na marra, cortando orçamento, impondo mordaça, impondo a prática de assédio moral. Não irão nos calar”, afirmou.
O presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Edvaldo Vasconcelos, declarou que a classe estudantil vai enfrentar o governo Bolsonaro e que este é um momento importante de união entre as diversas categorias. “Ele [Bolsonaro] quer parar as universidades, pois a universidade é e sempre será a maior arma contra ‘desgovernos’ ditatoriais”, declarou. Na avaliação dele, o corte é só a primeira ação para privatizar as universidades brasileiras. “Mas nós vamos mostrar a ele o quanto nós somos fortes e o quanto ele errou em ter mexido com a educação”, afirmou.
“Ataque criminoso”
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (Sintespb), Geralda Vitor, classificou o corte de recursos como “ataque criminoso contra a educação”. Segundo ela, essa medida reflete uma falta de responsabilidade do presidente da República. “É um despreparada politicamente”, criticou. Ela fez menção também à declaração do ministro Weintraub de que os recursos poderiam ser liberados após a aprovação da reforma da Previdência. Segundo a sindicalista, os trabalhadores não vão aceitar chantagem.
A deputada estadual Cida Ramos (PSB), que também é professora do Departamento de Serviço Social da UFPB, declarou que a universidade é fundamental para a soberania do país devido a suas ações de ensino, pesquisa e extensão. Segundo ela, os deputados federais que representam a Paraíba “vão ter que honrar o povo paraibano e brasileiro e defender o maior patrimônio que o brasil tem, que são as universidades e os centros tecnológicos”.
Cida Ramos também destacou a importância da participação dos estudantes. “Toda vez que a universidade pública foi atacada, a ‘estudantada’ se levantou e sempre garantiu que o ensino gratuito e de qualidade permanecesse como referência em nosso país”.
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Fonte: Ascom ADUFPB