“Estamos começando, no plano da política econômica, social e em diversos setores, a entrar no limiar de um novo momento”. A análise é do presidente da ADUFPB, Jaldes Reis de Meneses, durante o debate “Movimento Docente Hoje”, realizado sexta-feira (4), no segundo dia do seminário “Universidade e Movimento Docente Hoje, no Hotel Imperial, em João Pessoa.
De acordo com ele, o Brasil possui um período histórico relativamente compacto dos anos 30 aos anos 80, interrompido na década de 90 pelo que o professor considera “um marco fundamental para entender a política contemporânea”: a implantação do Plano Real. Segundo o presidente da ADUFPB, está se esgotando o complexo de questões colocado a partir da política de controle da inflação do governo Itamar Franco. “A série de processos que o Plano Real levantou vai cobrar a fatura agora”, afirma.
Um dos debates que deve voltar ao cenário político nacional, na opinião de Jaldes, é a questão regional, que será colocada de maneira diferente daquela observada no período de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), entre os anos de 1959 e 2001. “Não haverá mais espaço para o modelo do velho debate desenvolvimentista. Agora, a questão regional e federativa tende a esboçar certas fissuras no Brasil daqui pra frente”, afirma o presidente da ADUFPB.
Para exemplificar, ele lembrou o embate entre os estados brasileiros por conta da mudança no marco regulatório da exploração petrolífera na região do pré-sal. Enquanto as áreas produtoras não abrem mão dos royalties, os demais exigem uma fatia dos recursos.
Outra questão que deve dominar o cenário desse novo momento histórico que se desenha é o embate entre a agricultura familiar e agronegócio. “E o terceiro ponto é o problema da questão política, que já está sendo observando, agora, com a ‘crise Sarney’. A institucionalidade que foi montada no Brasil gerou uma circunstância de crise que vai fica mais clara”, afirma.
Na análise do professor Jaldes, esse contexto de crise vai ter seu desfecho em 2010, na eleição para a Presidência da República. “Será a primeira eleição desde 1989 que não terá Lula como candidato. E isso pode abrir um leque de alternativas que não foram colocadas entre 1989 e 2010. E, em função da questão do bloco do Plano Real estar se esgotando, a sucessão de 2010 pode render uma crise política relativamente grave”, avalia.
Ele lembra que, em face da crise das instituições políticas, a figura pessoal do presidente Lula terminou fortalecida. “A figura pessoal de Lula é um pouco ‘fiadora’ da crise. E o próximo presidente não vai ter esse papel, esse desempenho”, analisa.
Aproximadamente 60 docentes participaram dos dois dias do seminário “Universidade e Movimento Docente Hoje”, que serviu para traçar as estratégias de atuação sindical que irão nortear as ações da entidade nos próximos meses. O debate do segundo dia contou ainda com a participação do presidente da ADUFCG, Josevaldo Cunha. À tarde foram realizadas discussões para definição do plano de trabalho da ADUFPB para o próximo semestre.