Universidade participativa, parcerias com a sociedade civil, ações de assistência estudantil, e reforma do estatuto da UFPB foram alguns dos principais assuntos abordados no debate realizado pela ADUFPB na manhã desta segunda-feira (7) com os candidatos a reitor da Universidade Federal da Paraíba. O evento foi bastante elogiado pelos “reitoráveis” e pelo público presente. Para garantir a organização e a transparência, o Sindicato montou um sistema que permitiu a todos acompanhar o tempo e a ordem de fala e as perguntas dirigidas a cada participante.
A equipe da ADUFPB instalou no auditório da reitoria dois telões. Em um deles, o público podia acompanhar o tempo de resposta. Para a fala de apresentação, os candidatos tiveram oito minutos. Para as perguntas, três minutos. E, para as considerações finais, dois minutos. Esse tempo era medido por um cronômetro digital, que ficou visível para os candidatos diretamente na tela do computador e, para o público, em um telão.
No segundo telão foram exibidas as regras do debate – lidas no início do evento pela mediadora, a presidente interina da ADUFPB, Terezinha Diniz. O equipamento também foi utilizado para expor ao público cada pergunta e o nome do candidato sorteado para responder. Dessa forma, as pessoas puderam acompanhar se o “reitorável” respondia com precisão ao que era perguntado. Para garantir o registro, o Sindicato montou ainda uma equipe para fotografar e filmar o evento.
Antes do início do debate, o diretor de Política Sindical da ADUFPB, Wladimir Nunes Pinheiro, deu dois informes. O primeiro tratava da eleição do Andes, Sindicato Nacional, na terça e quarta-feira (8 e 9). Wladimir Pinheiro chamou os professores a comparecerem às urnas, que estarão espalhadas por 16 pontos nos campi de João Pessoa, Litoral Norte, Areia e Bananeiras.
O segundo informe foi referente à assembleia geral dos professores em 15 de maio que deve votar o início de uma greve no dia 17. De acordo com Wladimir Pinheiro, a reunião do Setor das Federais do Andes, com a presença de 38 universidades, sinalizou uma tendência nacional em favor da greve.
O primeiro momento do debate foi o de apresentação. Cada chapa teve oito minutos para expor suas principais propostas. A mesa foi formada por quatro dos cinco candidatos a reitor e pelos respectivos candidatos a vice-reitor. Apenas um não compareceu: o professor José Rodrigues Filho (que alegou precisar acompanhar o irmão que está doente).
Depois das apresentações, os candidatos responderam a perguntas do público depositadas em uma urna e escolhidas por sorteio. A cada nova pergunta, era sorteado também o nome do candidato que iria respondê-la. E, assim, se seguiram três rodadas de perguntas e respostas. O papel das perguntas não retornava à urna e o nome dos candidatos só voltava na próxima rodada, de modo que cada candidato respondeu a uma pergunta por rodada. Por fim, eles tiveram dois minutos para fazer suas considerações finais.
A ordem das apresentação também foi definida por sorteio e exibida em telão. Todos os candidatos em suas falas destacaram a importância do debate realizado pela ADUFPB e parabenizaram o Sindicato pela iniciativa.
A primeira a se apresentar foi a professora Lúcia Guerra (acompanhada do candidato a vice-reitor, Antônio Creão). Ela lembrou que as universidades brasileiras passaram por um processo de sucateamento em governos passados, mas que a atual gestão vem realizando uma série de investimentos no setor. “As universidades cresceram em quantidade e em qualidade”, declarou.
Essa situação, entretanto, também traz muitos desafios, segundo Lúcia Guerra. Um deles está relacionado ao movimento docente, cuja luta, afirma a candidata, não é apenas salarial, mas pela valorização da educação brasileira de qualidade e pelo aumento dos investimentos no setor. “É preciso que toda a comunidade se sinta inserido na política da universidade e que todos assumam seu papel com a instituição”, declarou.
A segunda fala foi do candidato Luiz Renato (acompanhado pelo vice-reitor, professor Ricardo Lucena). Ele afirmou que a Universidade precisa dar resposta à demanda da sociedade e destacou a necessidade de se formar um Conselho de Desenvolvimento com a participação de empresários, sindicatos, governos, ONGs e outras entidades. A ideia, segundo ele, é trazer a sociedade organizada para UFPB.
Outra proposta da chapa é abrir a Universidade nos fins de semana para eventos artísticos e culturais. “Dessa forma, damos ao aluno carente uma oportunidade não apenas de estudar, mas também de ter o seu momento de lazer”, declarou. Luiz Renato destacou, ainda, a necessidade de uma reforma no estatuto da UFPB e de criar um Conselho Consultivo com a participação dos aposentados.
O terceiro a se apresentar foi o professor Otávio Mendonça (acompanhado pela candidata a vice-reitora, Zoraide Lins). Ele falou inicialmente sobre a urgência de um reordenamento jurídico na Universidade. “Muito se falou sobre isso nos últimos anos, mas não se fez nada”. Otávio Mendonça também destacou a UFPB como um importante agente para o desenvolvimento do Estado da Paraíba.
“A Paraíba é pobre e nós temos o compromisso de contribuir para mudar essa situação por meio do ensino, da pesquisa e da extensão”. Ele ressaltou a precariedade das instalações e lembrou o estado de calamidade da casa dos estudantes. “A UFPB fere todos os princípios da engenharia moderna”. O professor Otávio Mendonça também apontou a qualificação dos servidores técnico e administrativos como uma das bandeiras de luta da sua chapa.
A última fala de apresentação foi da candidata Margareth Diniz (acompanhada do candidato a vice-reitor, Eduardo Rabenhorst). De acordo com ela, a UFPB vive um modelo de instituição que se exauriu. “Encerrou-se um ciclo”, afirmou. Ela falou sobre a necessidade urgente de uma revisão do estatuto da Universidade. “O estatuto atual é da década de 60. Ele não atende mais às necessidades dessa instituição”.
Margareth Diniz também defendeu a criação de Plano Diretor para disciplinar a relação da Universidade com o meio ambiente, lembrando que a UFPB está construída em meio à Mata Atlântica. A candidata falou, ainda, em defesa da campanha nacional que pede o investimento de, no mínimo, 10% do PIB nacional no setor da Educação. De acordo com a professora Margareth, também é necessário fazer valer o Programa Nacional de Assistência Estudantil.
Fonte: Ascom ADUFPB