A unidade da classe trabalhadora permeou as várias intervenções de um dos mais aguardados temas da plenária do 30º Congresso do ANDES-SN: a filiação do Sindicato Nacional à Central Sindical e Popular (CSP- Conlutas), deliberada na noite deste domingo (20), último dia das atividades.
Antes da votação, no púlpito, a maioria dos delegados defendeu a filiação. O relacionamento com os movimentos sociais e internacionalistas e a preservação da independência sindical foram reiteradamente citados como pontos convergentes entre o horizonte de luta do ANDES-SN e o projeto da CSP-Conlutas.
Francisco Miraglia, encarregado sindical da diretoria do ANDES-SN, ressaltou que o Sindicato vem lutando para reunir os diversos setores da classe trabalhadora em torno de um novo projeto de sociedade. “O ANDES-SN está na construção de uma articulação de grande porte, que junta o movimento sindical, o movimento popular e uma parcela importante do movimento estudantil. Investe tempo e energia política em reconstituir o conjunto classista e combativo que convocou o Conclat para a consolidação de um amplo fórum de todos os movimentos de luta contra as opressões que queiram resistir aos ataques do governo, da burguesia e da elite deste país. A gente trabalha para construir este fórum, proposto por este sindicato. Queremos trabalhar no nível de organização no interior da CSP-Conlutas, no nível da rearticulação de um fórum combativo e com todos aqueles que querem enfrentar o capitalismo”.
Luiz Mauro, 2º vice-presidente do ANDES-SN, testemunhou a experiência de sua Seção Sindical com relação à vivência concreta da organização pela base, com autonomia, que, segundo o professor, denota o enraizamento da Central. “A CSP-Conlutas é experiência fundamental para a classe. Sabemos o que é a construção com movimentos sociais, é nova e riquíssima. Sabemos e temos vivenciado estrutura horizontal. Vivemos o que era a dificuldade de ter alguma proposta minimamente levada de forma democrática. O 30º congresso deve, sim, aprovar a filiação já”, argumentou.
Para Rodrigo Dantas, da Adunb, a questão é crucial para o debate político, para o Sindicato Nacional e para a relação com o conjunto da classe trabalhadora. “É preciso colocar o tema em perspectiva histórica. Estamos discutindo há sete anos. Há sete anos nós vemos nos nossos CONADs e Congressos afirmando como eixo central da nossa política a articulação com movimentos sociais para reconstruir a unidade da classe trabalhadora. Fomos parte fundamental do processo de elaboração do que é a CSP-Conlutas. É preciso observar as elaborações nossas que foram absorvidas quase que totalmente pela Central”.
Aldisio Costa, da Adufepe, se posicionou contrariamente à filiação. “Nós ouvimos aqui, durante todo o Congresso, a dificuldade que temos hoje em nossas bases, até para construir diretoria. Esta construção não está avançada no seio de nossas bases. É preciso primeiro formar consciência dos docentes”, pontuou.
A professora Claudia Durans, da Apruma, defendeu que o Congresso aprovasse a filiação por identificar a central como um polo aglutinador das lutas sociais. “Nós todos estamos muito orgulhosos da trajetória de nosso Sindicato. É diferenciado, porque reúne professores de diversas áreas e porque não se preocupa só com as questões específicas dos docentes. Vimos que ao longo da história sempre se posicionou. Contribuo no GT Etnia, Gênero e Classe discutindo a questão das opressões, e identifico que a única central sindical que concretamente unifica a luta de todos os oprimidos é a CSP-Conlutas”.
“Não há licença sabática nesse caso, mas lembro que foram sete anos pra entrar na CUT, sete anos pra sair. Não quero esperar mais sete anos. Vamos respeitar a decisão coletiva que este sindicato vem reiteradamente tomando. Não é possível que fiquemos dizendo que a filiação não foi discutida”, lembrou o professor Edmundo Dias, da ADUNICAMP.
Já Marcos Souza, da Apes-jf, explicitou preocupação com o momento político e defendeu o adiamento da decisão. “Estamos perdendo bases com companheiros valorosos. Não discordo de que devamos ter associação com uma central autônoma e classista, mas o dever de casa (trabalho de base) ficou muito difícil. O único documento a esse respeito para a base está no Caderno de Textos do Congresso. Por isso, indico que discutamos em 2012”.
“Chegamos a esse momento derradeiro numa demonstração de sucesso significativo no sentido de aprovar os TRs, com discussão ampla, em que nenhum momento a diversidade foi ocultada, temos um plano de comunicação a desenvolver, uma carreira pras nossas seções sindicais. Esse momento derradeiro torna-se mais importante porque podemos ratificar nossa perspectiva classista. O ANDES-SN sempre esteve, está e estará ao lado da classe trabalhadora. Temos que colocar o bloco na rua agora. Aprendi na militância: respeito o conjunto da base porque eu trabalho com a base, eu não falo por ela. Esse TR vai nos permitir levar para as Seções Sindicais a necessária condição de fortalecemos essa unidade de classe que tanto desejamos”, discordou Rubens Rodrigues, também da Apes-jf.
A filiação do ANDES-SN à CSP-Conlutas foi aprovada por 134 votos favoráveis, 39 contrários e 23 abstenções.
A CSP-Conlutas foi fundada durante o Congresso da Classe Trabalhadora (Conclat), em junho de 2010, com a presença de mais de 3000 delegados. O ANDES-SN participou do Conclat com delegados de base e diretoria. O 55º CONAD reconheceu que havia sido fundada uma nova Central e referendou a participação do ANDES-SN na Secretaria Executiva Nacional Provisória, eleita no Conclat. Para contribuir no processo de articulação com setores que não integram hoje a nova entidade e que se inserem no campo classista, o 55º CONAD também aprovou a atuação do ANDES-SN na perspectiva de diálogo com estes destes setores.
O estabelecimento de um prazo de um ano para a realização de um balanço do processo de reorganização em relação à Central, tendo como referência as resoluções do Sindicato Nacional dobre estratégia, natureza e unidade do campo combativo e classista, e a deliberação de encaminhamentos derivados deste balanço no 31º Congresso, em 2012, também foram aprovados na plenária.