‘Pastor Cláudio’, doc sobre ex-torturador da ditadura militar, será exibido dia 26 no Cine Aruanda
O filme ‘Pastor Cláudio’, da diretora Beth Formagini, lançado em circuito nacional, esse ano, terá sua primeira (e única) exibição pública na Paraíba no dia 26 deste mês, às 18h30, no Cine Aruanda do Campus I da UFPB. A entrada é gratuita e a programação faz parte da reabertura das ações de extensão do projeto ‘Aruandando no Campus – Ano 4’, em parceria com o Grupo de Pesquisa Memória, Política e Direitos Humanos, do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos (PPDH) e tem apoio da direção do CCHLA e CCTA.
O filme mostra o encontro entre o bispo evangélico Cláudio Guerra — ex-delegado responsável por assassinar e incinerar opositores à Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), — e Eduardo Passos — psicólogo e ativista dos Direitos Humanos, que trabalha no atendimento a vítimas da violência do Estado.
Segundo a cineasta Beth Formaggini, o pastor Cláudio, respaldado por uma polêmica Lei da Anistia, e hoje membro ativo da comunidade evangélica, revela, dentre outros crimes, como fazia para desaparecer com corpos durante sua atuação no período da ditadura militar. Com a abertura política, ele passou a trabalhar na segurança pública. Para registrar o diálogo entre o pastor e o psicólogo, a diretora montou um cenário com um telão em que são projetadas fotografias e vídeos de vítimas de um passado que perdura.
“Neste filme propus uma conversa entre Cláudio e Eduardo durante a qual se projetam as imagens, permitindo-nos ver a vinculação de Cláudio à violência do Estado praticada naqueles anos, além de perceber sua frieza aterradora”, explicou Formaggini sobre o documentário que vem reacendendo o debate, no país, acerca da anistia concedida, na época, e a dificuldade crônica de não se esclarecer os inúmeros casos de desaparecidos políticos durante a ditadura militar.
Para o prof. Rodrigo Freire (vice diretor do CCHLA e coordenador do Grupo de Pesquisa Memória, Política e Direitos Humanos), o filme ‘Pastor Claudio’ traz um “depoimento forte e praticamente inédito vindo de um agente estatal violador de direitos humanos na ditadura, pois, como é sabido, o que imperou entre os militares, após a reconquista da democracia, foi um ‘pacto de silêncio’ sobre o período ditatorial”.
Trata-se, segundo ele, de um documento histórico da máxima importância, que “dá uma contribuição singular à construção da memória histórica sobre a ditadura militar brasileira”.
Debate
Logo em seguida à exibição do documentário, será realizado um debate entre a diretora e os docentes da UFPB, Nelson Rosas (economista e ex-militante do PCB nos anos 1970/80), Rodrigo Freire de Carvalho (vice-diretor do CCHLA) e Monique Cittadino (Depto de História/ PPGDH), com mediação do coordenador do projeto ‘Aruandando no Campus’, Lúcio Vilar.
Fonte: Assessoria