A Universidade Federal da Paraíba tem sido local de constantes casos de violência e abuso contra a mulher. Para dar mais visibilidade e tornar público o que acontece em surdina, o Grupo de Estudo e Pesquisa em Gênero e Mídia (GEM) lança na próxima quarta- feira, dia 27, o projeto Um Grito por Elas: Mulheres da UFPB contra a violência. O evento será realizado às 8h, no Auditório Aruanda, no Centro de Comunicação, Turismo e Arte(CCTA) da UFPB e conta com a presença de representantes da ONU Mulheres e Instituto Avon.
A ideia desenvolvida pelo GEM é a criação de uma plataforma virtual que pretende trazer as narrativas sobre os casos silenciados de assédios e violências explícitas ou simbólicas ocorridas contra a mulher na UFPB. “Queremos promover o diálogo, o fortalecimento dos direitos e a construção de equidade de gênero para novas relações de convivência social”, acredita a professora da UFPB Margarete Almeida, coordenadora do projeto e do GEM.
Através do site: www.gemufpb.com.br/umgritoporelas, as vítimas, sejam elas alunas, funcionárias, professoras ou trabalhadoras autônimas da UFPB, poderão contar suas histórias e ter informações sobre seus direitos, órgãos e medidas protetoras. “Através desses depoimentos, iremos criar uma grande rede de denúncias. Desta maneira, iremos traçar uma cartografia do assédio e da violência contra a mulher na UFPB através de análise dos dados resultantes do projeto. Pretendemos com isso apresentar aos gestores da UFPB e dos Centros Universitários o resultado desta pesquisa para discutir e promover ações públicas e política de gênero”, acredita a professora Margarete.
Programação
O lançamento conta com as presenças de Amanda Lopes, coordenadora do projeto “O valente não é violento”, da ONU Mulheres e, da Consultora de projetos do Instituto Avon, Mafoane Odara, juntas irão debater a violência contra a mulher em ambiente universitário em todo Brasil.
Na ocasião estarão presentes também a Reitora da UFPB, Margareth Diniz; a Secretária Estadual da Mulher e Diversidade Humana, Gilberta Soares e, representante da OAB- Paraíba, além dos movimentos de mulheres feministas da UFPB, organizações não-governamentais, entre outras representações sociais.A programação conta ainda com a performance “Meu grito por todas elas” e apresentação musical do grupo de rap Afronordestinas.
Dados da violência contra a mulher em ambiente universitário
70% das universitárias no Brasil afirmam já ter sofrido algum tipo de violência− assédio sexual, coerção, violência sexual, física, desqualificação intelectual e agressão moral/psicológica – em espaços acadêmicos. Este dado faz parte da pesquisa “Violência contra a mulher no ambiente universitário” , promovido pelo Instituto Avon ao Data Popular, realizada em 2015, com depoimentos de 1.823 universitários das cinco regiões todo o país, sendo 60% mulheres. Entre os homens, 38% admitem já ter cometido algum tipo de violência contra as mulheres dentro das universidades de todo país.
De acordo com os dados, 56% das estudantes já sofreram assédio sexual e 28% algum tipo violência sexual (estupro, tentativa de abuso enquanto sob efeito de álcool, ser tocada sem consentimento, ser forçada a beijar veterano).Homens universitários também foram indagados sobre o tema e 35% deles não reconhecem que existe violência no ato de coagir uma mulher a participar de atividades degradantes.
A pesquisa da Avon ainda revela que 36% das mulheres teriam deixado de fazer alguma atividade acadêmica por medo do próprio ambiente, com locais e acessos mal iluminados, falta de segurança e de setores universitários de apoio e denúncia. O medo é algo constante, 42% delas, sentem dificuldade de fortalecer sua estima e aprendizado pelas práticas machistas cotidianas, vindas de colegas, professores e funcionários.
Quase 100% delas afirmam que desejam que as faculdades deveriam criar meios de punir os responsáveis por cometer violência dentro da instituição, bem como promover o debate e a visibilidade do que acontece no silenciamento cotidiano do ambiente acadêmico.
Fonte: Assessoria