Completados 50 dias do início da greve nas Instituições Federais de Ensino (IFE), o governo federal segue sem nenhum sinal de disposição política para negociar com o setor da Educação. A greve, que foi deflagrada no dia 17 de maio pelos docentes de 33 IFE, cresceu na categoria e se fortaleceu também com a paralisação dos estudantes e técnicos administrativos. Atualmente, a greve no setor da educação se expandiu para 57 universidades, dois centros tecnológicos, 33 institutos federais e o Colégio Pedro II (clique na imagem para ampliar).
No entanto, o governo segue demonstrando indiferença ao movimento, o que aumenta ainda mais a indignação das categorias com o descaso do governo Dilma em relação à educação, área dita pela presidente como prioritária em sua gestão.
Durante toda a semana, professores, alunos e técnicos organizaram atos em todos os estados brasileiros cobrando a proposta do governo para a reestruturação da carreira docente e a abertura imediata de negociações.
As respostas a esses chamados demonstram a falta de vontade política dos governantes em buscar uma solução para por fim à greve no setor da Educação. Representantes do Ministério do Planejamento alegam dificuldade de agenda para reunir os chefes das pastas ministeriais envolvidos na negociação. Já o Ministério da Educação alega que não cabe a esta pasta estar à frente do processo negocial, devido ao seu impacto financeiro.
Apesar da alegada agenda atribulada, os sites dos diferentes ministérios mostram que a presidente Dilma Rousseff esteve reunida com a chefe da pasta do Planejamento, Miriam Belchior, já na segunda-feira (2). E na quarta-feira (4), a presidente esteve na companhia de Miriam e de Aloízio Mercadante, além de outros ministros, para o lançamento do Plano Safra da Agricultura.
“Acompanhando as movimentações de Dilma e dos demais ministros, vemos que eles estiveram juntos em várias ocasiões nos últimos dias, porém parecem não ter arranjado tempo para discutir solução a ser apresentada para por fim à greve na Educação”, observa Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN.
“Essa intransigência do governo Dilma é vista por nós como total desrespeito aos docentes, técnicos e estudantes. E pior, descaso também com a população que utiliza dos serviços prestados pelas instituições federais de ensino. Nós queremos negociar, mas para isso precisamos de uma proposta”, acrescenta.
Durante visita a São Bernardo do Campo (SP) nesta quinta-feira (5), a presidente Dilma Rousseff foi recebida por um protesto organizado por estudantes, técnicos e docentes das Federais de São Paulo (Unifesp) e do ABC (UFABC). De acordo com o site UOL, os estudantes gritavam: “Dilma a culpa é sua, a minha aula é na rua”.
Segundo a matéria publicada pelo UOL, ao final de seu discurso, Dilma apenas disse: “O pessoal pode se acalmar que as coisas irão para os seus lugares na hora certa. Pode ter certeza disso”.
“E quando será essa hora?”, questiona Marinalva.
Fonte: ANDES-SN