A greve dos docentes federais, iniciada em 28 de maio, se amplia a cada semana com a adesão de novas instituições. Até o momento, 46 seções sindicais já aderiram ao movimento que luta pela reversão dos cortes no orçamento educação federal, em defesa do caráter público da universidade, por melhores condições de trabalho, garantia de autonomia nas IFE, reestruturação da carreira e valorização de ativos e aposentados. Confira lista.
Os novos cortes no orçamento da Educação Federal, anunciados no final de julho, aprofundaram a falta de condições para o funcionamento das Instituições Federais de Ensino, o que levou também à ampliação da luta pela reversão deste cenário. O movimento ainda se fortaleceu com o apoio de estudantes e diversos movimentos sociais e sindicais e ainda com a decisão, em diversas Instituições Federais de Ensino, de suspensão do calendário acadêmico.
“A greve cresce com a recente adesão dos docentes da Unirio, UFPR, UFJF, IF do Sudoeste de Minas Gerais, IFPB e também da UFPI. E, como já estamos sinalizando há um tempo, as instituições que não pararem pela greve, vão para por inanição. Por total falta de condições de funcionamento. Os reitores estão escolhendo quais contas pagar no mês e, em alguns lugares, já não conseguem mais manter as instituições funcionando”, disse Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN.
“Abre as contas reitor (a)!”
Na última semana, professores em todo o país atenderam ao chamado do Comando Nacional de Greve in tensificaram as atividades de mobilização na primeira semana de agosto (3 a 7), com a ação “Abre as contas reitor (a)!”, que contribuiu para dar visibilidade à situação de precarização, aprofundada pelos cortes no orçamento, de muitas universidades federais e à falta de transparência em relação às verbas repassadas para as IFE.
Segundo Rizzo, as ações de mobilização estão permitindo expor o descaso do governo federal com a situação da educação pública e a tentativa de alguns gestores de encobrir a crise nas instituições. Rizzo contou que o CNG recebeu informações de vários comandos locais de greve e já está sistematizando para a definição de um cenário da situação nas IFE.
#DialogaJanine
Outras duas campanhas divulgadas pelo CNG, que obtiveram grande apoio nas redes sociais, foram a chuva de e-mails ao Ministro Renato Janine, cobrando, do responsável pela pasta da Educação, que responda às reivindicações apresentadas e a #DialogaJanine, com o compartilhamento de charges que denunciam o descaso do Ministro Janine com a luta dos docentes em defesa da educação pública.
Desde o início da greve dos docentes federais, o CNG vem cobrando audiência com o ministro, que até o momento não respondeu à solicitação dos professores, embora afirme, através da imprensa e de suas redes sociais estar aberto ao diálogo.
Intensificação da luta
Paulo Rizzo ressalta a importância, neste momento, da intensificação da mobilização e das ações em conjunto com os demais segmentos da Educação Federal, como os atos que acontecem em todo o país nesta terça-feira (11), organizados pelo movimento estudantil, contra os cortes no orçamento da educação federal e contra a redução da maioridade penal, e a atividade de mobilização nos estados, definida pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais, para o dia 18 de agosto.
Em seu comunicado 31, o Comando Nacional de Greve aponta, entre outros encaminhamentos a intensificação da mobilização nas IFE em greve, aprofundando o diálogo localmente com os SPF, estudantes e outras entidades em greve, através de atividades conjuntas e ações mais contundentes que deem visibilidade à luta, como ocupações de espaços públicos; intensificação da campanha “#DialogaJanine”, buscando estar presente e protestando em todos os eventos em que ele se fizer presente; e fazer pressão sobre os reitores e conselhos universitários para que “abram as contas”, demonstrando o impacto do corte de verbas sobre as IFE, e assumam posição oficial contra os cortes e a favor da luta de docentes, técnico-administrativos e estudantes.
“É fundamental continuar com essas manifestações, porque a pior coisa que pode acontecer para a universidade pública é escamotear a realidade que ela está vivendo. Nós estamos passando por uma situação de total precarização das condições de trabalho e ensino, que vem sendo encoberta em muitos lugares, como se isso fosse a solução para a universidade. Temos que fazer com que apareça a real situação das Instituições Federais de Ensino. Sem isso, nós não vamos ser capazes de ter o apoio necessário da sociedade para pressionar o governo a suspender os cortes e fazer os investimentos necessários na Educação Federal”, ressaltou o presidente do ANDES-SN.
Fonte: ANDES-SN