Ainda na primeira semana, a greve nas Instituições Federais de Ensino (IFE) já se amplia e segue ganhando adesões. No dia 28 de maio, docentes e técnico-administrativos cruzaram os braços para lutar por seus direitos e em defesa da educação pública. Há também greves estudantis na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Federal Fluminense (UFF) – e as três categorias da comunidade universitária têm demonstrado vontade de construção de uma luta unitária em defesa da educação pública.
Até o momento, são 21 seções sindicais do ANDES-SN em greve. Os técnico-administrativos já pararam em 56, das 64 universidades federais. E a greve da educação federal tem angariado apoio de outras categorias e, até, de reitores. É o caso do reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que divulgou nota no site da instituição, reconhecendo a legitimidade da greve de docentes e servidores locais e reconhecendo “a urgência da defesa da universidade pública, gratuita, democrática, inclusiva e de qualidade”.
Elementos em comum nas reivindicações das três categorias não faltam. É uníssona a crítica à precarização das IFE, que levam à dificuldade de manutenção das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Os cortes orçamentários, que recentemente retiraram mais de R$9 bilhões da educação, também são rechaçados por docentes, estudantes e técnico-administrativos em educação.
Na UFRJ, mais de mil estudantes participaram da histórica assembleia que deliberou greve. Eles reivindicam melhorias na estrutura da universidade. O curso de gastronomia, por exemplo, criado em 2008 pelo Reuni, ainda não tem salas de aula e laboratórios, e suas atividades são desenvolvidas dentro da biblioteca. Os estudantes da UFRJ querem também a conclusão das obras da residência estudantil — a reforma do bloco feminino, prevista para dezembro do ano passado, está com novo prazo para outubro deste ano. As unidades isoladas do centro reivindicaram a necessidade imediata de uma alternativa de emergência para a alimentação.
Assim como na UFRJ, na UFF os estudantes entraram em greve. Além da reivindicação nacional estudantil de um repasse de R$ 2,5 bilhões para o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), eles exigem o pagamento imediato das bolsas estudantis, a reabertura do bandejão, a suspensão do calendário acadêmico e o respeito e pagamento aos trabalhadores terceirizados da universidade.
Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN, ressalta a necessidade e importância da unidade entre docentes, técnico-administrativos em educação e estudantes na luta. “Estamos vendo o crescimento das lutas das três categorias nas IFE. Estão todos em defesa da educação pública, e é importante que haja a unificação das lutas e a realização de mobilizações conjuntas”, disse o docente.
O presidente do ANDES-SN ainda afirma que é positivo o reconhecimento da legitimidade da greve por parte do reitor da Ufba. “Esperamos que todos os reitores reconheçam a legitimidade da greve. O Ministério da Educação (MEC) não quer negociar conosco, e os reitores devem se posicionar ao lado daqueles que defendem a universidade pública, que são os professores, servidores e estudantes em luta”, afirma Rizzo.
Cresce a mobilização nos locais de trabalho
Na Universidade Federal do Pará (Ufpa), o primeiro dia de greve (28) contou com a mobilização de professores, técnico-administrativos e estudantes. Mais de 90% das salas de aulas amanheceram vazias em Belém. Eles se concentraram em frente à universidade, com faixas e panfletos explicando os motivos do movimento grevista. A greve conta com forte adesão da comunidade acadêmica. No segundo dia de greve, professores da Ufpa caminharam pelas ruas de Belém, em conjunto com diversas categorias de trabalhadores e estudantes, durante o Dia Nacional de Paralisações, 29 de maio.
O primeiro dia de greve dos professores e técnicos administrativos da Universidade Federal de Sergipe (UFS) também foi marcado por um ato na frente do campus de São Cristóvão. Na quinta-feira, 28, ocorreu ato unificado, professores, técnicos e estudantes, categorias bloquearam o acesso de carros à instituição de ensino e usaram faixas e cartazes para expor suas reivindicações. No dia 29, professores federais participaram 29 do Dia Nacional de Paralisação como forma de expor à população as pautas de reivindicação das categorias. Marcaram presença os docentes do Comando Local de Greve, os estudantes e os servidores.
No centro de Niterói (RJ), no dia 29, houve mobilização conjunta dos docentes, servidores e estudantes da UFF com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), demonstrando unidade entre as categorias ligadas à luta pela educação. Na Universidade Federal Rural do Semi Árido (Ufersa) também houve mobilização que reuniu as três categorias da comunidade acadêmica. Na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), os estudantes têm assembleia marcada para essa segunda-feira (1), e podem somar-se à luta das demais categorias em greve.
Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN, diz que é muito importante que os estudantes das IFE se somem às mobilizações de docentes e servidores em todo o país. “Os estudantes são os usuários do serviço público oferecido pelas IFE e sua manifestação em defesa da educação pública têm sempre um grande peso em nossa luta. Também estamos de olho nos processos de criminalização das lutas estudantis que podem começar a surgir, sempre demonstrando apoio e defendendo os estudantes que lutam por seus direitos”, concluiu Rizzo.
Fonte: Andes-SN