Representantes de diversas entidades que compõem o Movimentos de Mulheres e Feministas da Paraíba participaram no último sábado (3) do II Encontro de Mulheres em Resistência, realizado na sede do PT, em João Pessoa. A ADUFPB participou da construção do evento e esteve presente nas atividades, que ocorreram nos turnos da manhã e tarde.
Ao final do evento, as participantes deliberaram pela realização de uma grande plenária ainda este ano no estado. O evento acontecerá após a Marcha das Margaridas, manifestação de rua realizada desde o ano de 2000, sempre no dia 12 de agosto, que reúne militantes de todo o país em Brasília para dar visibilidade às pautas das mulheres trabalhadoras do país. O protesto deste ano marca os 40 anos da morte da líder sindical Margarida Maria Alves.
“A Marcha das Margaridas é o evento prioritário na agenda do movimento de mulheres neste momento”, destaca a diretora de Comunicação da ADUFPB, professora Sandra Luna, representante do sindicato no encontro do último sábado. Segundo ela, cerca de 120 mulheres se inscreveram para o II Encontro de Mulheres em Resistência. “Importante dizer que houve uma participação muito representativa desse mosaico de feminismos que temos hoje dentro do movimento”, complementou, em referência à diversidade das inscritas.
Em meio às participantes havia, por exemplo, mulheres indígenas, quilombolas, representantes dos movimentos do campo, do MST, das empregadas domésticas, de movimentos de mulheres de cidades do interior da Paraíba, como Alagoa Grande e Juarez Távora, de movimentos pioneiros no estado, como a Cunhã e o 8 de Março, também a Articulação de Mulheres Brasileiras, representantes das mulheres com deficiência e dos movimentos LGBTQIAP+.
O encontro teve início com um café da manhã coletivo, seguido de uma mística de abertura comandada pelas mulheres do MST. Depois, foram realizadas falas de lideranças nos movimentos de mulheres, como a da representante da Cunhã, Joana D’Arc, e da deputada estadual Cida Ramos. Falaram ainda representantes da Marcha das Margaridas.
Após as falas, as participantes se dividiram em grupos de diálogo sobre sete eixos temáticos: “Quem cuida de quem cuida?” (saúde e bem estar), “Você tem fome de quê?” (sobrevivência e outros quereres), “Nossas vidas importam” (violências), “A conta não fecha” (subsistência, empobrecimento e economia), “Quem ensina aprende, quem aprende ensina” (educação e direito ao futuro) e “Toda maneira de amor vale a pena” (diversidades).
As mulheres dos diferentes grupos puderam dialogar durante determinado tempo e, depois, fizeram a apresentação geral da relatoria de cada tema, definindo propostas e encaminhamentos a serem assumidos pelo movimento de mulheres como pautas prioritárias nos próximos meses.
“O evento foi pensado, coletivamente, em reuniões de sua comissão organizadora, como um momento de troca, iteração, mas principalmente um momento de escuta e diagnóstico das urgências, das prioridades dos movimentos de mulheres do nosso estado. A ideia era dar voz às participantes e convidá-las a falarem das suas experiências, das suas lutas e das demandas necessárias e urgentes, considerando conjunturas e políticas locais e também nacionais, de forma a definir encaminhamentos a serem pautados nos próximos passos dessa grande organização em que se constitui o Movimento de Mulheres e Feministas da Paraíba”, explicou a professora Sandra Luna.
Ela destacou também a diversidade de vozes e pensamentos dentro do evento. “O grande desafio no movimento de mulheres atualmente é unificar as pautas. Hoje em dia, temos vários feminismos, múltiplos feminismos, e isso está relacionado às questões identitárias, aos diversos movimentos sociais, às perspectivas de cada um desses movimentos. Nós vivemos, nesses feminismos todos, uma grande diversidade, com pautas muito distintas e, às vezes, divergentes. O desafio de construir um movimento de mulheres unificado é encontrar nas divergências as convergências”, avaliou a diretora de Comunicação da ADUFPB.
Fonte: Ascom ADUFPB