Mais de três mil pessoas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, na capital federal na última terça-feira (7),e protagonizaram um grande ato em defesa da Educação Pública. Docentes, técnicos e estudantes se reuniram em frente ao Museu da República marcharam até o Ministério da Educação, para exigir uma audiência do ministro Renato Janine e cobrar a reversão dos cortes no orçamento da Educação Federal e mais investimentos na área.
Professores em greve de todo o país formaram uma grande coluna na marcha. O ato foi organizado pelo ANDES-SN, Fasubra, Sinasefe, Anel, Oposição de Esquerda da Une e Fenet – entidades representantes dos três segmentos da Educação Federal.
No trajeto, os participantes da Caravana em defesa da Educação Pública entoavam palavras de ordem como “Greve geral em toda Federal”, “Educação não é piada, mas o governo jogou ela na privada” e “Dilma, mãos de tesoura, acabou com a pátria educadora!”. Após percorrerem o trajeto, os manifestantes se concentraram em frente ao MEC.
Em fala durante o ato, Nathália Bittencourt, da Oposição de Esquerda da UNE, destacou os projetos e medidas que vêm atacando os direitos sociais. “O ajuste fiscal está aí para prejudicar os trabalhadores, os nossos sonhos, o nosso futuro. O projeto de lei das terceirizações [PLC 30/2015 (antigo PL 4330/04)], que terceiriza e acaba com a organização dos trabalhadores, a PEC da redução da maioridade penal são projetos que estão no Congresso Nacional conservador, e que só têm espaço por conta desse governo que acabou rifando os nossos direitos”, ressaltou.
Para Paulo Vaz, da coordenação da Fasubra, esse é um momento de reflexão, na construção da luta da educação federal. “O ajuste fiscal não pode ser o condutor e nem o redutor da educação publica de qualidade neste país. Que reduzam as fortunas dos ricos, mas o trabalhador não pode pagar a conta da crise”, ressaltou.
Ronaldo Naziazeno, da direção nacional do Sinasefe, também reforçou o momento histórico de luta unificada dos três segmentos da Educação Federal. “Hoje, os estudantes e trabalhadores da Educação dizem não ao ajuste fiscal. Nós lutamos por uma educação de qualidade e é bonito ver a juventude presente nesta manifestação”.
A luta da juventude contra os cortes na educação pública e os ataques aos direitos dos estudantes e trabalhadores foram destacados na fala da representante da Anel, Juliana Rocha. “Não aos cortes na educação e não à redução da maioridade penal. A juventude de hoje é um dos setores que mais sofre com a política de ajuste fiscal do governo federal”, afirmou.
Bia Martins, da direção da Executiva Nacional da Fenet, reforçou que apenas com a unidade do movimento estudantil e das categorias em greve da educação será possível reverter o ajuste fiscal e o corte de verbas de R$ 9,4bilhões da Educação. “Vamos protocolar o manifesto resultado da Reunião da Educação Federal [ocorrida na segunda-feira (6)] queremos uma audiência com o ministro”, disse.
Marinalva Oliveira, 1ª vice-presidente do ANDES-SN, denunciou que as instituições federais de ensino estão em estado precário, não têm verbas, faltam professores, salas de aula, laboratórios, assistência estudantil, e que é preciso investimento nas instituições públicas para que se possa oferecer educação de qualidade para a população. “O governo tem repassado dinheiro para as instituições privadas, e retirando verbas da educação pública que já está em situação extremamente precária. E é por isso que o ANDES-SN está em greve há mais de um mês, com 40 seções sindicais e cada dia a greve se fortalece”, ressaltou.
A diretora do ANDES-SN lembrou que a greve dos professores federais é em defesa do caráter público da educação, que vem sendo atacado pelas políticas do governo em favor do Capital. “É importante que o ministro, que sempre diz estar dialogando, receba as entidades da educação federal, leia o nosso documento e reverta todos os cortes que foram feitos na educação e que coloque dinheiro público nas instituições públicas. Enquanto isso, se ele não atender as nossas reivindicações, estaremos juntos, fortalecendo essa unidade cada dia mais”, afirmou.
Mesmo diante de muita pressão e insistência por parte das entidades, o ministro Janine se recusou a receber os representantes dos professores, técnicos e estudantes. O Manifesto em Defesa da Educação Pública, fruto dos debates realizados na Reunião da Educação Federal com a participação de mais de 600 pessoas, foi protocolado pelo presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, e pelo coordenador da Fasubra, Rogério Marzola, no MEC. Confira aqui o documento.
Paulo Rizzo rechaçou a atitude do ministério da Educação em não receber os representantes das entidades que lutam em defesa da Educação Pública. “Hoje nós tivemos uma manifestação muito importante, pois é a primeira vez, desde que entramos em greve, que realizamos um ato nacional com os três segmentos. Foi uma marcha muito bonita, muito forte, com a presença de mais de 3 mil pessoas, mas o MEC, mostrando total descaso com a Educação Pública, não recebeu as entidades. Seguiremos na luta, fortalecendo a nossa unidade e ampliando as nossas greves, para romper a intransigência do governo e reverter o desmonte da educação pública”, completou.
Fonte: ANDES-SN