Desde o inicio de seu governo ficou evidente que as Universidades e Institutos Federais seriam um alvo de Bolsonaro, justamente porque seu projeto obscurantista e autoritário tem pouca penetração em um ambiente que busca privilegiar o pensamento crítico, a diversidade e a liberdade do conhecimento.
Para impedir que tais valores possam se fortalecer no ambiente universitário Bolsonaro se utiliza de todo tipo de artimanhas, seja no estrangulamento financeiro com reduções e cortes orçamentários, ou mesmo tentando impor controle político às instituições nomeando reitores que não foram eleitos pela comunidade acadêmica e sofrem grande rechaço, por isso chamamos de interventores.
A UNE sempre se mobilizou contra a Lista Tríplice, considerada por nós uma medida inconstitucional, antidemocrática e cuja origem remete à Ditadura Militar. Mas nesse momento é preciso ressaltar que desde a redemocratização até o governo atual, a eleição da reitoria pela comunidade acadêmica havia sido desrespeitada apenas uma vez, na UFRJ em 1998, sofrendo forte resistência dos estudantes, já na gestão de Bolsonaro são mais de 10 intervenções em pouco mais de um ano e meio.
Por isso urge a necessidade de intensa mobilização estudantil em defesa da Autonomia e da Democracia universitária, destacando a importância das lutas que já tem ocorrido em universidades como a UFTM, UFC, UFFS, UFGD, UFERSA, UFRGS, UFPA, IFRN, IFSC, dentre outras, com atos com milhares de estudantes e ocupações.
Além disso buscamos ocupar todos os caminhos possíveis para impor derrota ao impulso autoritário de Bolsonaro contras as universidades e IFs, fortalecendo a pressão por um Projeto de Lei no Congresso Nacional que revogue a lei da lista tríplice, vinculando a nomeação ao mais votado, e também para que o STF julgue a inconstitucionalidade dessa lei, levando em consideração que já existem dois processos nesse Tribunal, a ADI 6565, cujo relator Ministro Fachin já proferiu voto favorável e a ADPF 759 de autoria da OAB.
Qualquer mudança no sentido do fortalecimento da Autonomia Universitária depende da força da organização popular e, portanto, a mobilização estudantil é decisiva. Nesse sentido manifestamos nossa solidariedade aos estudantes que ocupam a reitoria da UFPB, e ressaltamos a importância de construir diversas ações (passeatas, atos simbólicos, ocupações, mobilização nas redes sociais, etc.) que denunciem esses ataques, movimentem a opinião pública ao nosso lado e pressionem as instituições à tomarem medidas, destacando a importância de que essa se torne uma mobilização coordenada a nível nacional, incluindo as universidades que já escolheram seus reitores ou que não estão em processo de eleição.
Nenhuma intervenção a mais!
Pelo fim da Lista Tríplice!
Reitor(a) Eleito(a) é Reitor(a) empossado(a)
Diretoria Executiva da União Nacional dos Estudantes