O Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros e Indígenas da UFPB (Neabi) encaminhou uma nota ao Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) da universidade pedindo explicações a respeito de um ofício enviado às diretorias dos centros de ensino com solicitação de informações sobre o número de professores e servidores técnico-administrativos negros. O documento do Neabi é subscrito pela ADUFPB e pelo Sintespb.
No ofício circular nº 8/2021, encaminhado por intermédio da Secretaria dos Órgãos Deliberativos Superiores (Sods), é solicitado a chefes de Departamento, diretores de Centro e aos secretários ativos de cursos de graduação, de departamentos e de programas de pós-graduação que informem o quantitativo de professores e professoras, servidores e servidoras técnico-administrativos negros(as), dos que ocupam cargo de chefia e dos que ocupam assento no Conselho Universitário e nos colegiados de ensino, pesquisa e extensão.
Em resposta, o Neabi, a ADUFPB e o Sintespb avaliam que a solicitação indica desconhecimento do órgão, “considerando que os processos censitários ocorrem dentro de parâmetros já consolidados, respeitando métodos e procedimentos”.
As entidades pediram mais informações sobre a demanda, incluindo quem ou qual instituição foi a demandante inicial; para que fins os dados coletados serão utilizados, e como a Universidade Federal da Paraíba, irá responder à demanda, haja visto que não dispõe dos dados sistematizados junto à Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progep).
Na nota conjunta, as três entidades também questionam a forma que a questão foi demandada. “A nosso ver, denota uma visão desrespeitosa para com a população negra desta instituição, quando pensamos no racismo institucional, tão presente no conviver das pessoas negras, uma vez que a coleta do quesito raça/cor foi solicitado forma informal e descentralizada, sem respeitar as 5 categorias censitárias com as quais trabalha o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da forma como foi encaminhada a solicitação e não incorpora requisitos de uma pesquisa científica de coleta e análises de dados”, explicita o documento.
No texto, as entidades também destacam que a UFPB não dispõe de uma ação institucional, como um Grupo de Trabalho, para reconhecer a presença ou representatividade da comunidade acadêmica e acompanhar as políticas de ações afirmativas, sobretudo com recorte racial.
O Neabi, a ADUFPB e o Sintespb consideram de profunda importância, segundo a nota conjunta, “que os diferentes setores que compõem a UFPB tenham conhecimento e significados acerca da composição quanto aos aspectos étnico-raciais, representados nas categorias de raça/cor do IBGE, junto ao corpo docente e técnicos e técnicas administrativas/as. Porém, acreditamos que denota imperícia, posto que estas informações estão sendo coletadas via ofício encaminhado aos Diretores e Chefias Departamentais, pois não há qualquer tipo de informação no ‘pedido’ que informe as categorias referidas”.
A resposta enviada pelas três entidades acrescenta que as questões enviadas pelo SIC exigem uma equipe institucional da UFPB, tanto para refletir a respeito das relações étnico-raciais e de gênero em cargos de chefia, quanto para estabelecer parâmetros e instrumentos científicos para elaboração de pesquisas que possibilitem a produção de dados em educação superior, “assim como enfrentar as assimetrias históricas no espaço da educação superior e o desenvolvimento da função social das universidades públicas, na busca da promoção de uma educação igualitária, inclusiva e plural”.
As entidades enxergam, ainda, a importância de que essa questão seja debatida junto à comunidade acadêmica. “O Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros e Indígenas, SINTESP e ADUFPB recomendam que gestores/as da UFPB reconheçam a inexistência de uma política institucional de acompanhamento da comunidade acadêmica com recorte racial e de gênero e se estão ocupando cargos na gestão, assim como reflitam como corrigir essa extemporaneidade da nossa instituição”, conclui a nota conjunta.
Clique aqui para ler a nota assinada pelo Neabi, pela ADUFPB e pelo Sintespb
Fonte: Ascom ADUFPB