No Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado nesta segunda-feira, 20 de novembro, os negros e negras brasileiros(as) ainda têm muito pouco o que comemorar. Segundo o Anuário de Segurança Pública de 2016, a cada nove minutos, uma pessoa morre vítima de arma de fogo no país e, desse total, 54% são jovens, entre 15 e 24 anos, e 73% são negros e pardos. A juventude negra é a maior vítima da violência no Brasil.
Já o Mapa da Violência 2016 mostra também que a vitimização da população negra no país aumentou de 71,7%, em 2003, para 158,9%, em 2014. Morrem, proporcionalmente, mais negros que brancos. Enquanto, no mesmo período, a taxa de homicídio da população branca caiu de 14,5%, em 2003, para 10,6%, em 2014. Ou seja, morrem 2,6 vezes mais negros que brancos vitimados por arma de fogo.
O mesmo acontece com a taxa de homicídios de mulheres, o percentual de mortes de mulheres negras e pardas cresceu 19,5%, enquanto a taxa de homicídios contra mulheres brancas caiu 11,9%.
Na Paraíba, a realidade não é muito diferente. Segundo o Atlas da Violência 2016, a taxa de homicídios de negros no Estado é de 54 por 100 mil habitantes e, de 2004 a 2014, a vitimização de negros aumentou 124,8%. Ser jovem e negro na Paraíba representa um risco 13,4 vezes maior de ser assassinado que ser branco.
Atuante na luta pela igualdade e contra o preconceito, a diretoria executiva da ADUFPB divulgou nesta segunda-feira uma nota em que destaca a importância do dia 20 de novembro e convida toda a comunidade para uma reflexão sobre a questão étnico-racial no Brasil.
A nota lembra que “os negros e negras constituem um traço fundamental da construção da identidade do povo brasileiro” e destaca: “a ADUFPB, em especial o seu Grupo de Trabalho de Política de Classe para questões de Gênero, Étnico-Raciais e de Diversidade Sexual (GTPCEGDS), tem afirmado e contribuído nas discussões étnico-raciais, principalmente no campo da política”.
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ANDES-SN
Historicamente o ANDES – Sindicato Nacional vem construindo políticas de combate ao racismo e, principalmente, de reconhecimento à necessidade de políticas de reparação à população negra. No 35° Congresso, realizado em 2016 na cidade de Curitiba (PR), a entidade aprovou importantes resoluções relacionadas à questão etnicorracial, que buscam intensificar a luta contra o racismo, a defesa e a ampliação das ações afirmativas, assim como continuar no engajamento da denúncia do genocídio da juventude negra.
Este ano, no 36° Congresso, que aconteceu em janeiro, na cidade de Cuiabá (MT), os docentes deliberaram pela intensificação da defesa de ações afirmativas, com ampliação de cotas etnicorraciais para negros e indígenas nas Instituições de Ensino Superior, com garantia de políticas adequadas de permanência estudantil, inclusive nos cursos de pós-graduação. Confira a cartilha do GTPCEGDS: Em defesa dos direitos das mulheres, dos indígenas, das/os negras/os, e das/os LGBT.
Já no dia 19 de outubro, em reunião conjunta entre os Setores das Instituições Federais de Ensino (Ifes) e Instituições Estaduais e Municipais de Ensino (Iees/Imes), realizada no Rio de Janeiro (RJ), os docentes deliberaram pela realização de mobilizações no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, e no Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta Contra a Violência Contra a Mulher, 25 de novembro.
Fonte: Ascom ADUFPB