Devido à preocupação com a saúde dos discentes em greve de fome, bem como as dificuldades de avanço nas negociações, voltadas para a busca de encaminhamentos da pauta de reivindicações dos/as discentes da UFPB em greve, e mobilizados na rampa da Reitoria, constituiu-se um grupo de pessoas formadas por ativistas dos Direitos Humanos (participantes da IV Conferência Estadual de Direitos Humanos), juntamente com representantes da Comissão de Direitos Humanos da UFPB e da ADUFPB, o qual se dispôs a reabrir os canais de comunicação entre os/as estudantes em greve e a gestão central da UFPB.
A primeira conversa deste grupo deu-se com o Procurador Geral da UFPB, com objetivo de convencê-lo a desistir da ação de Reintegração de Posse, por ele já ajuizada. O que moveu esta iniciativa foi a preocupação com as consequências de uma ação deste tipo, durante a gestão de uma reitora escolhida de forma democrática pela comunidade universitária e plena vigência do regime de direitos. Refletiu-se que nem mesmo durante o regime militar a UFPB conheceu este tipo de ação. Durante a reunião instou-se o senhor Procurador Geral, no sentido de que o mesmo abrisse um canal de contato, para que o grupo pudesse tratar deste assunto com a Reitoria. Ele atendeu a este pleito e na sequência ocorreu uma reunião da qual participaram o Reitor em exercício, acompanhado de pró-reitores, e a este grupo se integrou uma representação do Fórum de Diretores/as da UFPB, com objetivo semelhante.
Durante o encontro com integrantes da Administração Central da UFPB, o grupo relatou grande preocupação com o estado de saúde dos discentes em greve de fome, bem como com a possibilidade de uma Ação de Reintegração de Posse do prédio da Reitoria da UFPB e dado o momento de impasse pelo qual passa a negociação, se colocou à disposição para mediar a retomada de conversações entre a direção Central da UFPB e os estudantes em greve.
Esta iniciativa foi tomada por considerar justa a pauta de reivindicações e também pela grande e vasta preocupação com as consequências tanto físicas quanto políticas de uma desocupação mediada pela polícia, principalmente em um ambiente no qual se encontram quatro discentes da instituição em greve de fome há nove dias. Em nenhum momento este grupo se colocou como os negociadores/as de qualquer uma das partes, pois respeita o protagonismo dos estudantes no sentido de serem parte interessada na resolução do presente impasse, além disso, o grupo não tem acento dentro das instâncias decisórias da administração central da UFPB.
Os/as quatro integrantes da Comissão se reuniram com os discentes e informaram que a Procuradoria Geral da UFPB desistiu da Ação de Reintegração de Posse, e apresentaram a proposta de uma reunião a qual ocorreria às 15 horas, com a presença do Reitor em exercício e também do Pró-reitor de Assistência Estudantil. Também informaram a demanda da desocupação do hall da Reitoria. Os/as estudantes tiveram uma hora para avaliarem as propostas e as recusaram, pois entenderam que as respostas às suas demandas apenas podem ser dadas pela Reitora da instituição.
Diante daquela situação, o papel que poderia ser exercido pela comissão se esgotou naquele momento. A posição do grupo foi repassada para a equipe da Reitoria.
Esta comissão reitera sua disposição em continuar colaborando nesse processo, tentando reestabelecer o diálogo, e continua convicta de que a solução para essa situação deve ser dialogada e pacífica, não reconhecendo a Ação de Reintegração de Posse como um caminho possível para nossa UFPB.
Maria Angeluce S. P. Barbotin – Fórum de Diretores/as da UFPB
Antonio Novaes – Presidente da Comissão de Direitos Humanos da UFPB
Noaldo Meireles – Representante da IV Conferência Estadual de Direitos Humanos.
Marcelo Sitcovsky Santos Pereira – ADUFPB