Em inúmeras assembleias da ADUFPB, o problema da intervenção na UFPB foi abordado e discutido, ficando sempre evidente a indignação e a rejeição da categoria docente quanto à nomeação, para os cargos máximos da instituição, do professor Valdiney Gouveia e da professora Liana Filgueira Albuquerque, candidatos não eleitos e não votados pelo colégio eleitoral. A oficialização nos cargos, que ignorou a condição de zero voto da dupla, cujos nomes constaram como últimos na lista tríplice por força de liminar judicial, tentou imprimir na UFPB uma reedição — farsesca — dos anos de chumbo no Brasil. Na prática, entretanto, as consequências têm sido graves e exigem reparação, já que as professoras Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega, respectivamente reitora e vice-reitora legitimamente eleitas pela comunidade universitária e vencedoras do pleito no colégio eleitoral, não foram empossadas.
Esse modus operandi de nomeação de interventores pelo ex-presidente da República ocorreu em mais de duas dezenas de Ifes, com a posse arbitrária de reitorias sem o devido respeito aos pleitos eleitorais locais. No caso da UFPB, o resultado desse processo de intervenção deu-se nos mais diversos níveis, com severas implicações: o sequestro do orçamento da universidade, precarizando ainda mais o trabalho de docentes e técnicos e colocando em situação de penúria o atendimento aos discentes e à comunidade em geral; o flagrante decréscimo qualitativo da vida democrática nos conselhos superiores da UFPB, hoje marcada por autoritarismo na condução das reuniões e intimidação por parte do aparato jurídico administrativo da UFPB; e o cerceamento expressivo da liberdade, em nome de uma ideologia de pseudoneutralidade.
Reunindo em um amplo documento toda sorte de abusos, arbitrariedades e problemas institucionais flagrados nesse contexto de retrocesso dos valores democráticos, foi apresentado, via Comitê Contra a Intervenção na UFPB, um dossiê, já público, que registra uma miríade de razões, motivos e circunstâncias que denunciam faltas a serem apuradas na administração dessa interventoria, e cuja gravidade tornaram possível que esse documento seja apreciado no dia de amanhã, terça-feira, 16 de maio de 2023, às 9h, no Auditório da Reitoria. Na ocasião, o dossiê sobre a atuação da interventoria do professor Valdiney Veloso Gouveia (atual reitor) e da professora Liana F. Albuquerque (atual vice-reitora) na administração da UFPB será apreciado pelos três conselhos da instituição: Consuni, Consepe e Curador. Essa é a primeira vez na história da UFPB que um reitorado sofre um processo dessa natureza, que requer a destituição de ambos os ocupantes dos cargos máximos da instituição.
Diante desse histórico momento de nossa instituição, a comunidade universitária, por meio dos seus conselhos, tem a oportunidade ímpar de reestabelecer a justiça e reparar os trilhos democráticos em seu cotidiano institucional. Se sua vontade não foi respeitada no processo de nomeação dos dirigentes máximos da UFPB, haverá a chance de realinhar esse juízo durante a reunião de amanhã e dar um passo fundamental no caminho de retomada da normalidade. Após a aceitação do conteúdo do dossiê e sua posterior aprovação pelos conselhos superiores, ele seguirá para o Ministério da Educação, que vai deliberar sobre a admissibilidade ou não do processo — que, por sua vez, acarretará a destituição definitiva do atual reitor e da vice-reitora da UFPB. Por essa razão, os docentes que empreendem a luta em favor da universidade pública, laica e com ensino referenciado, mais uma vez, assumem a responsabilidade de recolocar a UFPB no caminho da excelência e da democracia.
Fonte: Ascom ADUFPB