DOCENTES DA UFPB EM ASSEMBLEIA EXIGEM DO REITOR-INTERVENTOR SEGURANÇA SANITÁRIA COMO CONDIÇÃO DE RETORNO ÀS ATIVIDADES PRESENCIAIS
Os docentes da UFPB, reunidos em assembleia de seu sindicato, a ADUFPB, manifestaram em uníssono, no dia 9 de fevereiro de 2022, o que tem sido o desejo da categoria há meses: retornar às atividades presenciais, tão logo haja condições de segurança sanitária na universidade para esse retorno. A comunidade universitária tem reivindicado, de forma legítima, a adequação das instalações de maneira a garantir regras básicas de biossegurança estabelecidas por autoridades sanitárias. Sem atendimento a essas condições mínimas, não é possível a volta às aulas presenciais no próximo dia 21 de fevereiro.
É imperioso e urgente que a administração superior da UFPB apreste condições sanitárias adequadas em suas instalações, sob pena de se colocar em grave risco a saúde e a vida de milhares de pessoas. Com vistas à preparação dessas instalações, por pressão da comunidade universitária, foi instaurada, em novembro de 2021, no CONSUNI – o órgão máximo da instituição – uma comissão composta por Pró-Reitores, membros da comissão de Biossegurança da UFPB, membros do próprio Conselho Universitário e representantes dos três segmentos (docente, discente e técnico-administrativo), com a função de estabelecer uma política institucional para o retorno das atividades presenciais na UFPB, determinando as medidas a serem adotadas, com base em pareceres técnicos de autoridades científicas que apontaram essas orientações seguras. Ocorre que, até o momento, o CONSUNI, que é presidido pelo reitor-interventor, não apreciou o documento elaborado pela comissão. O que se viu nesses últimos meses foi uma reitoria – intervencionista e sem legitimidade política da comunidade universitária – inoperante, que não concede o suporte e o apoio necessários ao funcionamento da própria instituição pela qual deveria zelar.
No tocante à estrutura necessária às atividades docentes e discentes, importa ressaltar que, nem no período em que tem estado em vigência o ensino remoto, foi a administração da UFPB capaz de prover condições básicas de funcionamento, negligenciando a necessária provisão de equipamentos e auxílios devidos à comunidade universitária. Estamos, todos e todas, docentes e discentes, há meses, na expectativa de retorno ao trabalho presencial, mas a administração superior desrespeita e até mesmo escamoteia as orientações da comissão de biossegurança da universidade e dos órgãos de saúde competentes.
Diante da diminuição do quadro de terceirizados, dos parcos investimentos na segurança, na saúde e da precariedade na divulgação de informações precisas sobre os danos do coronavírus e os procedimentos necessários ao combate de sua proliferação, o que temos presenciado na UFPB nos últimos meses tem sido um reitorado inepto e inerte no que diz respeito à atenção devida às graves questões associadas à pandemia. Movido por seu raciocínio anticientífico – em plena contradição com a matriz de pensamento da universidade, que é a ciência – e assumindo um negacionismo que muito agrada ao presidente que o nomeou, o reitor-interventor não apenas não propõe ações efetivas em relação aos problemas em questão, mas ainda ameaça, persegue e sabota aqueles que têm assumido a política sanitária da UFPB diante da inoperância da administração central face às imposições da pandemia, a exemplo do ocorrido recentemente com abertura de sindicância, pela procuradoria, contra os diretores de centro que, instados a agir para dirimir o problema negligenciado pela administração central, autorizaram o trabalho remoto nestes dias de pico pandêmico provocado pela ômicron.
Por todo o exposto, e por continuar a atuar com base em um modus operandi que contraria princípios e regras fundamentais à comunidade acadêmica, essa reitoria intervencionista prevarica de suas responsabilidades e sua inação acaba por resultar no comprometimento daqueles que tomam a si a iniciativa de fazer o que a própria administração superior não faz. Não se pode consentir essas tentativas de repasse de responsabilidades. Que a reitoria assuma seus deveres institucionais.
Diante disso, a decisão unânime da assembleia da ADUFPB é a favor do retorno ao trabalho presencial, tão logo sejam atendidas as condições mínimas de segurança sanitária nos campi. Nós, que vivemos o dia e dia da UFPB e conhecemos de perto os graves problemas de infraestrutura e de funcionamento, não podemos ser coniventes com um retorno às atividades presenciais sem que haja consideração à saúde e à vida desta comunidade. Nossa decisão se dá em respeito mesmo à imensa coletividade da qual todos e todas somos parte. Não iremos negligenciar o zelo por nossos colegas, docentes, discentes, técnicos-administrativos, servidores terceirizados e todos aqueles e aquelas que ficam expostos aos perigos do contágio desenfreado em um espaço que não foi minimamente preparado para acolher com segurança cidadãos e cidadãs.
Os docentes da UFPB, assim como seus discentes, dão testemunho público de que não são os seus segmentos que constituem o empecilho para o retorno presencial das atividades. É a própria administração central, que não envida os esforços necessários para demonstrar o respeito devido à vida dos que há meses anseiam por essa volta às salas de aula na universidade em seus vários campi.
Reiteramos, portanto, nosso clamor por providências imediatas da administração superior da UFPB, de maneira a que possamos voltar a realizar nossas atividades de trabalho no espaço devido – no campus universitário –, e não em nossas casas, invadindo e perturbando nossa privacidade, nossas condições de vida doméstica, nosso bem-estar familiar.
Que o interventor da UFPB assuma suas responsabilidades perante a instituição que administra e perante a comunidade à qual deve atenção e respeito. Não consentiremos com o engodo. Os professores e os estudantes da UFPB exigem a volta às aulas presenciais. Que o reitor-interventor cumpra seu papel de gestor.