Os docentes, servidores técnicos-administrativos e discentes presentes na reunião do Consuni do dia 30 de setembro de 2022 testemunharam a utilização da violência institucional praticada como alternativa à política e à negociação, conquistas civilizatórias e referenciais da conduta humana defendida pela cultura educacional e universitária. A reunião aconteceu um dia depois de quatro estudantes terem sido abordadas ilegalmente por um assessor especial do reitor interventor e por seguranças da UFPB, que as cercaram e intimidaram, por estarem se deslocando no interior do Campus, vestidas com roupas, adesivos e bótons de candidaturas ao pleito eleitoral 2022.
As ameaças relatadas pelas estudantes assediadas foram devidamente denunciadas ao Consuni. Além disso, o movimento estudantil trouxe à baila um dossiê contra a intervenção na UFPB, no intuito de fundamentar o Consuni para pautar a destituição do atual reitor interventor. A reunião tomou a direção de uma mobilização para pressionar o conselho a apreciar o dossiê, mas, com a recusa do interventor em estipular uma data para pautá-lo, seguindo-se à sua tentativa de fuga da referida reunião, houve intimidações, gritaria e empurrões. O conflito físico entre os membros da comunidade universitária foi acentuado pela conduta dos responsáveis pela segurança da UFPB.
Esse lamentável episódio, que pode levar a uma violência maior do que a já apresentada, é inconcebível – e é resultado direto desse processo intervencionista, de um reitor que não possui legitimidade política de sua comunidade universitária para governar. Valdiney não foi uma escolha da UFPB, mas uma imposição ideológica do governo de Bolsonaro e seus apoiadores.
Ressaltamos que o direito de manifestação política é legítimo em toda a comunidade universitária, que respeita a legislação eleitoral, mas não aceita esse tipo de arbitrariedade. Essas manifestações já tiveram o seu juízo pacificado pelo julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF-548), que garante a autonomia universitária, em defesa da dignidade da pessoa, da autonomia dos espaços de ensinar e aprender, dos espaços sociais e políticos e dos princípios democráticos.
A Diretoria da ADUFPB vem, por meio desta nota, prestar solidariedade às vítimas da violência desnecessária e gratuita ocorrida nessa abordagem cometida por agentes a serviço da universidade e na reunião do Consuni do último dia 30.
Universidade é antítese de violência.
João Pessoa, 6 de outubro de 2022
Diretoria Executiva da ADUFPB