Há um agravamento severo da crise pandêmica que se alastrou e escancarou o sistema desigual e injusto da atual política econômica e do papel do Estado brasileiro. Há um claro movimento negacionista e anticientífico propagandeando em todos os níveis um discurso de normalidade, para forçar um retorno das atividades presenciais de ensino de qualquer forma.
Nesse cenário em tudo adverso, a reitoria intervencionista da UFPB tenta polarizar a complexa questão do debate sobre a Educação em tempos de pandemia, buscando colocar o ensino presencial contra o ensino remoto, como atesta o episódio da convocação ao retorno do trabalho presencial, sem nenhuma discussão prévia, dos servidores técnicos e administrativos da UFPB, ignorando o acúmulo de experiências do semestre passado remoto e tentando forçar um retorno açodado das atividades presenciais.
Vale ressaltar que não recebemos quaisquer informações da atual gestão intervencionista da UFPB sobre medidas sanitárias adotadas quanto à adequação das instalações da instituição para garantir segurança à comunidade acadêmica diante do agravamento da pandemia. Também não se sabe se, e como, foram atualizados os protocolos de segurança da instituição para contemplar a situação atual, quando os níveis de contágio e de morte em muito ultrapassam aqueles que em 2020 embasaram as regras para um possível retorno.
A questão da pandemia demanda um debate público responsável, transparente e vigoroso, porque se trata de um debate sobre vida ou morte. O enfrentamento da crise pandêmica não se reduz aos limites murados da universidade: dados seguros sobre mobilidade, entrecruzamento nas relações entre pessoas e uma série de outros fatores externos à instituição precisam necessariamente ser levados em consideração.
Entendemos que o enfrentamento à crise passa pelo fortalecimento do SUS, como sistema público e universal de saúde, e a polarização entre saúde e economia escamoteia a própria realidade e esvazia o conteúdo político da luta por acesso e garantia aos direitos sociais e à dignidade humana. Um retorno às atividades presenciais sem condições adequadas constitui-se em um aval para a política genocida de negação da pandemia e desconsidera os meios necessários para seu enfrentamento e defesa da população brasileira.
Várias secretarias estaduais de Educação forçaram esse retorno às aulas presenciais e sofreram resistência de diversas entidades classistas que denunciaram a irresponsabilidade dessas decisões relativas ao retorno. O que todos almejamos é o retorno mais breve possível ao ensino presencial, no entanto, é preciso que estejamos protegidos adequadamente contra os perigos reais e mortais da COVID-19.
O retorno às atividades presenciais da educação depende de saúde para todos, com vacinação universal pelo SUS e testagem em massa, acessível para a totalidade de nossa população. A vacinação, neste momento, representa a única porta de entrada para a retomada da economia no Brasil e o retorno à normalidade dos inúmeros serviços essenciais prestados pelo Estado, em especial, a Educação.
A Diretoria da ADUFPB orienta a categoria docente a ampliar e aprofundar os debates sobre as condições efetivas de retorno seguro a atividades presenciais de ensino. Ensino, necessário, com vacina para todos.
No próximo dia 16 de março a Direção da ADUFPB convoca a categoria Docente para Assembleia Geral.
João Pessoa, 03 de março de 2021
Diretoria Executiva da ADUFPB