O processo intervencionista na UFPB traz consequências nefastas para a cultura e os valores democráticos que foram conquistados nos últimos anos no cenário político brasileiro. Estamos diante de uma cultura de embrutecimento e esgarçamento das relações sociais, que incentiva de forma irresponsável o conflito social, a intolerância, o preconceito e até mesmo a violência como meio de interação social. Tão grave quanto é o uso dos aparatos de Estado, sejam aqueles administrativos ou de segurança pública, que são hodiernamente acionados como formas de admoestar movimentos sociais, coletivos ou individuais que não se alinhem ao modelo ideológico vigente.
As reiteradas “notas de repúdio” usadas pela reitoria-intervencionista da UFPB, que se utiliza desse expediente para buscar defender seu reitorado zero voto no Conselho Universitário e atacar membros da comunidade universitária que deveria proteger e apoiar, consiste em um exemplo dessa prática. Existe, no âmbito da UFPB sob intervenção, a escalada de uma mentalidade que trata as distintas formas de pensar – sobretudo aquelas que se mantêm irredutíveis ao autoritarismo e irresignadas ao fascismo – com repressão e perseguição pelos instrumentos institucionais e administrativos que deveriam servir ao bem comum e à exigente transparência de uma sociedade democrática.
Sobre essa questão, a Diretoria da ADUFPB, já havia se pronunciado e mantém-se firme no propósito de “denunciar o avanço do fascismo e reafirmar seu compromisso intransigente com as liberdades democráticas, em defesa das instituições públicas de ensino superior e da organização autônoma dos trabalhadores e das trabalhadoras dessas instituições. (…) No dia 1º de novembro de 2018, o plenário do STF manifestou posição importante contra a proibição de manifestações políticas dentro das Universidades, ratificando a sua liberdade e autonomia, bem como, lançando um horizonte de compreensão contra a ‘Escola sem Partido’. (Boletim 188, de 8 de novembro de 2018).
Vivenciamos no dia de ontem, 5 de setembro de 2023, a manifestação do professor Luciano Gomes, do Centro de Ciências Médicas, que expôs publicamente sua preocupação com uma “denúncia” recebida pela ouvidoria da UFPB sobre sua conduta política legítima em sala de aula. Reiteramos nosso apoio e solidariedade ao nosso colega sindicalizado, que já contribuiu para a Direção da ADUFPB, e a todos os membros de nossa comunidade universitária, em especial aos docentes que em sua prática cotidiana promovem o saber, as virtudes democráticas e a liberdade de aprender e ensinar.
João Pessoa, 6 de setembro de 2023
Diretoria Executiva da ADUFPB