Waldemar Rossi 4Uma das principais referências do movimento oposição sindical durante a ditadura militar brasileira, o ex-metalúrgico Waldemar Rossi apresentará palestra na próxima terça-feira (20) na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) sobre o tema “Os desafios do sindicalismo brasileiro”.

O evento acontecerá no auditório da reitoria, no campus I, em João Pessoa, a partir das 19h, e conta com o apoio do Sindicato dos Docentes da UFPB (Adufpb). Na ocasião, Rossi também fará o lançamento do livro “Para entender os sindicatos no Brasil: uma visão classista”, de autoria dele e de William Jorge Gerab.

Membro fundador da Pastoral Operária no Brasil, peça fundamental na criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e antigo integrante da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo, criada por Dom Paulo Evaristo Arns, Waldemar Rossi viveu o período de ditadura militar denunciando os abusos do regime militar e trabalhando na proteção das famílias de presos políticos. Ele próprio chegou a ser preso e torturado por quatro meses.

Em 1982, o ex-metalúrgico saudou o Papa João Paulo II, no Estádio do Morumbi, em nome de toda a classe trabalhadora. Além do reconhecimento pelos seus trabalhos na Pastoral, Rossi também tem o respeito de grandes lideranças políticas. Tanto que, até a eleição presidencial de 2002, foi interlocutor direto de Lula.

Nova estratégia

Na palestra de terça-feira, Waldemar Rossi vai colocar em debate uma questão que se tornou desafio para o movimento sindical: como estabelecer uma nova estratégia de luta dentro da compreensão da nova classe trabalhadora, hoje não mais operária, mas formada principalmente pelo setor informal e pelo de segmento de serviços.

“Como incluir na questão sindical os que não vêm sendo tradicionalmente incluídos, como os desempregados”, questiona. “Não temos um saída única para essa questão. A intenção é justamente promover o debate”. De acordo com ele, no Brasil há iniciativas que podem indicar caminhos, como a criação de entidades de aposentados com vínculo com a central sindical.

“Dentro dessa concepção de estrutura de central sindical que antes não existia é que se pode estar pensando na inclusão dos excluídos. E não só os aposentados, mas também os desempregados”, explica.

Sindicalismo hoje

Rossi critica um certo arrefecimento do movimento sindical brasileiro. De acordo com ele, ao contrário do que se pode pensar, a chegada de um líder operário à Presidência da República levou a uma atitude equivocada do governo de buscar cooptar as centrais sindicais.

“Isso para apoiar seus projetos de reforma trabalhista, que vêm se dando em prejuízo dos trabalhadores. Essa cooptação aceita pelas centrais assim como outras parcelas do movimento social fez com que o movimento sindical e social em geral arrefecesse a sua luta”, afirma.

Rossi se posiciona contrário à proposta do Governo Federal de reforma da legislação trabalhista. “Todas as reformas propostas até agora se dão em benefício do capital e em prejuízo da classe trabalhadora. Muitas ainda não ocorreram porque parcela do movimento sindical, embora minoritária, vem reagindo e vem resistindo a essa mudança”.

Serviço

  • Palestra: Os Desafios do Sindicalismo Brasileiro Hoje
  • Lançamento do livro “Para entender os sindicatos no Brasil, uma visão classista”
  • Quando: Terça-feira (20), às 19h
  • Onde: Auditório da Reitoria da UFPB, Campus I