Um dia, anos atrás,
em tempos difíceis,
quase desesperança,
houvemos uma conversa.
Ouvimos uma à outra,
em um balanço da vida
como a vida é um balanço.
E, apesar das dores fundas,
retiramos tanta poesia,
e tanto riso,
que a esperança
se desesperançou
de nos desesperar.
E a seiva foi mais forte.
E, apesar da distancia,
sabia que a sua luta continuava,
olhando para além do horizonte,
voando como a borboleta
da imagem do site da ADUF
sobre o seu voo.
(Acho que foi a Celinha que fez).
O seu coração,
que bateu por tantas causas,
parou fisicamente,
até descuidado de si próprio,
para entregar-se ao Outro.
À busca de um mundo melhor.
Mas, Verinha,
O teu espírito tenaz fica,
contra essa acomodação
e essa passividade fáceis,
de quem não enxerga o mundo
além de si próprio.
O seu caminho
está inscrito
no seleto grupo
dos que farão falta,
dos que deixarão memória,
a nos inspirar
a nos revigorar a seiva,
a continuar a fazer História
por esse mundo melhor
que você tanto quis.
Voa, agora, livre
das amarras vãs,
e transitórias.
Voa para o Universo
do incomensurável.
Voa,
e apazigua este coração
cansado de guerra,
porque a sua luta
você lutou.
Para Vera Amaral,
21/22 de janeiro de 2012.
Rosa Godoy