A Diretoria da ADUFPB vem acompanhando com muita atenção e preocupação as decisões institucionais que determinam o início do semestre letivo 2020.1 nos Programas de Pós-Graduação, com atividades de ensino a serem desenvolvidas na modalidade EAD. No dia 21 de março, este sindicato publicou uma nota na qual critica a proposta do MEC de tentar substituir as atividades presenciais por atividades a distância. Sabemos, portanto, da pressão que o MEC vem exercendo sobre as Universidades Públicas no sentido de que deem sequência aos semestres letivos a todo custo, sem considerar uma série de razões, já bem debatidas no meio acadêmico, que evidenciam as dificuldades de se viabilizar cursos de caráter presencial por meio de Ensino a Distância (EAD). Estamos vivendo, de fato, um momento muito singular e difícil de nossas vidas. Os desafios são tremendos e exigem de todos nós esforços de compreensão e cooperação, mas devemos considerar que, em alguns casos, é possível tentar entender a nova situação e encontrar soluções com tranquilidade e diálogo. Com certeza, o Brasil, como o mundo, passará por transformações severas provocadas por essa crise, cuja dimensão e impactos sequer podemos ainda prever. Não há dúvidas de que nossas práticas acadêmicas serão fortemente alteradas nos próximos meses, aliás, já começamos a realizar bancas de defesa e de qualificação de dissertações e teses por meio virtual, respeitando prazos pré-estabelecidos e cumprindo, portanto, compromissos institucionais previstos nos regimentos dos programas, em consonância com as determinações das agências de fomento. Contudo, no que diz respeito a iniciar um novo semestre letivo, mobilizando docentes e discentes de cursos presenciais para atividades de ensino a distância, sem considerar limitações materiais de ambas as partes e sem levar em conta a necessidade de planejar com rigor os processos adaptativos dos cursos e das atividades aos novos formatos, parece-nos uma decisão precipitada. Não somos contrários à utilização de ferramentas tecnológicas que garantam o funcionamento da Universidade Pública. Mas isso não significa consentir com ações improvisadas, nem fazer de conta que tudo pode continuar a ocorrer como antes, só que a distância. Nunca foi tão premente conceder aos nossos docentes e discentes de pós-graduação algum tempo para reflexão, planejamento de ações e tomada de decisões consequentes face ao que estamos vivenciando. O papel da universidade nesse cenário radicalmente adverso será essencial para destravar novos conhecimentos nas mais diversas áreas de ensino e pesquisa, mas, para que possamos compreender essa crise e rapidamente superá-la, parece necessário, primeiro, desfazer-nos de premissas burocráticas e pensarmos juntos saídas criativas e eficazes. Entendemos que a implementação apressada de ensino a distância em cursos presenciais, diante das carências e das urgências atuais, não se apresenta como encaminhamento compatível com o que se espera de nosso corpo de pesquisadores. Nesse sentido, dirigimo-nos às instâncias que respondem pela Pós-Graduação na UFPB para que sejam suspensas as aulas na modalidade EAD, do semestre 2020.1, nos programas.
João Pessoa, 31 de março de 2020
Diretoria da ADUFPB