Prédios rachados, atraso no pagamento de salários e de bolsas, aparelhos de ar condicionado que não funcionam e até falta de material de expediente. Esses são apenas alguns dos problemas que alunos, professores e funcionários do campus Litoral Norte da UFPB vêm enfrentando desde a criação dos cursos, há quatro anos.
Para cobrar providências, alunos, professores e funcionários pararam as atividades na última sexta-feira (10). Eles se reúnem com representantes da reitoria e do Ministério Público Federal na terça-feira (21) e pretendem assinar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), obrigando a universidade a solucionar os problemas.
Segundo o professor Pablo Daniel Andrada, membro titular do Conselho de Representantes da ADUFPB representando o Litoral Norte, na segunda-feira (20) o Corpo de Bombeiros deve emitir um laudo sobre a estrutura das edificações novas e reformadas do campus. “Eles já interditaram um bloco de salas, o que deu início ao movimento. E, agora, estamos aguardando esse documento para levar à reunião do MPF”.
Ele revela que alunos, professores e funcionários precisam lidar todos os dias com o desconforto das instalações e até a falta material de expediente. “Nós precisamos comprar as canetas para escrever na lousa porque as que têm estão todas secas”. Os aparelhos de ar condicionado não funcionam e a rede de internet é precária. Apenas dois aparelhos de telefonem funcionam nos cursos da cidade de Mamanguape e há somente 32 funcionários técnico-administrativos para atender a todo o campus.
Residência universitária
Falta estrutura também para alojamento dos alunos. Existe o projeto de construção de uma residência universitária, mas ela só teria capacidade para 72 estudantes, abaixo da necessidade de um campus que atende a 30 municípios. Pablo Andrada denuncia, ainda, que os funcionários terceirizados estão sofrendo com atraso no pagamento. “Os motoristas estão há sete meses sem receber e o pessoal da limpeza, há quatro meses”.
Na biblioteca, falta o acervo básico. “E MEC está vindo aí. Podemos perder aprovação de cursos porque não temos livros”, declara o delegado da ADUFPB. Contrariando a exigência nacional de que todos os prédios novos tenham acesso para pessoas com deficiência, nos blocos de sala do campus Litoral Norte não existem rampas para cadeirantes. “Os problemas são muitos mesmo”. O movimento critica, também, o fato do campus ainda possuir um diretor pró-tempore (nomeado pelo reitor) e reivindica a autonomia administrativa e financeira do Litoral Norte.
Reunião com o reitor
Foram os estudantes quem primeiro paralisaram as atividades no campus. A medida foi tomada em assembleia, na sexta-feira (10), após o desabamento do forro de um bloco de salas. Professores e funcionários juntaram-se à luta e estão apoiando a mobilização.
Outra reunião, realizada pelos estudantes na segunda-feira (13), definiu a convocação dos servidores. No dia seguinte, pela manhã a ADUFPB convocou assembleia própria e aprovou, por unanimidade, apoio à paralisação. À tarde, um novo encontro contou com a participação de representantes do sindicato e de 67 professores, além de alunos e de funcionários terceirizados e técnicos-administrativos. Eles formaram uma comissão para elaborar a pauta de reivindicação do movimento, sintetizando as exigências das três categorias.
O documento foi entregue ao reitor Rômulo Polari no dia seguinte (quarta-feira, 15), durante nova assembleia no campus que durou das 9h às 14h. Aproximadamente 200 pessoas participaram da reunião, entre alunos, professores e funcionários. Eles condicionaram a volta às aulas ao atendimento das reivindicações.
Uma nova assembleia está marcada para quarta-feira (22).
Alguns problemas destacados por alunos, professores e funcionários
– Atraso no pagamento dos terceirizados (motoristas estão há sete meses sem receber e pessoal da faxina, há quatro)
– Número insuficiente de servidores técnico-administrativo (apenas 32 funcionários para atender Mamanguape e Rio Tinto)
– Falta de pagamento das bolsas de pesquisa e de monitoria
– Acesso precário à internet (rede é lenta e não atende adequadamente nem mesmo o curso de Computação)
– Rachaduras em prédios recém-construídos e perigo de desabamento (o forro de um dos blocos, em um prédio reformado, chegou a cair e o local foi interditado pelo Corpo de Bombeiros)
– Aparelhos de ar condicionado que não funcionam
– Banheiros sem água
– Falta de rampas para acesso de pessoas com deficiência
– Biblioteca sem acervo mínimo de livros
– Falta de material administrativo (professores precisam comprar até canetas para dar aula)
– Falta de uma residência universitária
Pauta de reivindicações
– Autonomia administrativa e financeira para o Campus IV
– Prestação detalhada de contas referente aos recursos alocados e gastos no Campus IV a se apresentada em no máximo 30 dias
– Compra de material para os laboratórios para suprir as demandas dos alunos concluintes e demais alunos
– Contratação de mais 30 profissionais da área de segurança
– Disponibilização do acesso digital a todos os alunos através de dez novos terminais de consulta em Rio Tinto e dez novos terminais de consulta em Mamanguape
– Pagamento das Bolsas de Auxílio em atraso
– Contratação de funcionários já concursados para o Campus IV e com seus respectivos códigos de vagas liberados pelo MEC
– Disponibilização de material de expediente (toner, papel, cartuchos, canetas etc.)
– Aumento do acervo de livros das bibliotecas
Fonte: Ascom ADUFPB