MARCOS A. R. DE BARROS
Professor Universitário
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Escolher um Reitor é tarefa de muita importância para o corpo docente e discente, bem como para os demais funcionários de qualquer universidade.
No caso da nossa Universidade Federal da Paraíba – UFPB, podemos, de imediato, considerar a atuação brilhante do 1º Reitor desta Universidade Dumerval Trigueiro Mendes, que segundo, o prof.º Plauto Mesquita de Andrade, em artigo intitulado “Dumerval Trigueiro: Cultura e dignidade na Educação” (Revista do UNIPÊ – Vol. VIII, n.º 1 – 2004), descreve com propriedade, sua atuação como educador de muita sensibilidade, notório saber e dignidade.
Dumerval Bartolomeu Trigueiro Mendes, sempre primou pela pluralidade de suas decisões, porém mantendo-se seguro de suas convicções doutrinárias, o que caracterizou a retidão do desempenho na condução de cargos e funções públicas que ocupou. Como grande especialista em educação do país em seu tempo, foi Secretário de Educação do Estado da Paraíba. Ocupou, também, por indicação do educador brasileiro Anísio Teixeira a Diretoria do Ensino Superior do MEC, no Rio de Janeiro. Na nova função foi desafiado pelo regime de exceção, em 1964, quando o então Ministro da Guerra insistia em introduzir, na Universidade Pública, a disciplina Moral e Cívica. A insistência transformou-se em imposição, em ordem e, o Colegiado, pressionado, resolveu capitular, mesmo assim, Dumerval Trigueiro argumentou e votou contra. Foi o único que não se rendeu. Como consequência foi punido injustamente, aposentado compulsoriamente, enquadrado no AI-5, não podendo mais exercer qualquer cargo público na administração direta ou indireta.
Mesmo depois de penalizado, proferiu muitas palestras em Congressos nacionais e internacionais, na área da educação e da cultura, bem como produziu muitos textos de caráter científico e filosófico.
Seu perfil de homem comprometido, preocupado com a ciência da educação com a cultura se constitui notável referencial para os que almejam ao reitorado. Não basta administrar bem, é preciso também ser o grande exemplo.
Candidatos existem, mas vale escolher o candidato cujo perfil mais se coadune com o atual momento histórico.
Com a nova escolha, resta agora, trabalhar para que o próximo reitor no uso das suas atribuições, implemente em profundidade os avanços democráticos, cuja proposta maior, é o advento da nova “ESTATUINTE”, favorecendo a idéia do voto verdadeiramente proporcional entre docentes, discentes e funcionários. Pensar em uma universidade moderna e humanizadora é tarefa de qualquer gestor, facilitando assim, as relações com outros centros de estudos e pesquisas, principalmente, quando se pretende conseguir parcerias para novos estudos e projetos. Dessa forma, a UFPB passaria a competir com outras universidades mais avançadas.
Certamente, os candidatos já pensam em um projeto de universidade que desburocratize o conhecimento, as relações acadêmicas, facilitando o intercâmbio com instituições financiadoras e com a sociedade global.
A escolha de um reitor, passa, sobretudo, pelo crivo de um sindicalismo livre e atuante, fervorosamente comprometido com a sua base. Um sindicalismo, cuja ação seja incrementadora de posicionamento na escolha de um candidato que expresse os anseios progressistas dos vários segmentos da comunidade acadêmica.