Professores, estudantes e servidores técnico-administrativos da UFPB fecharam os portões da universidade no início da manhã desta sexta-feira (11/11) e interromperam parte do trânsito na Via Expressa Padre Zé, que dá acesso à instituição, em protesto contra a PEC 55 (antiga PEC 241), a Medida Provisória 746/2016 (MP do Ensino Médio), as reformas Previdenciária e Trabalhista e demais ataques aos direitos sociais.
A manifestação integra as atividades do Dia Nacional de Greve Geral, convocado pelas centrais sindicais em todo o País, e do Ocupa UFPB, movimento de ocupação da universidade para pressionar o governo contra a PEC 241 e a reforma do Ensino Médio.
Depois do protesto, alunos, professores e técnico-administrativos participaram de uma roda de conversa com o deputado federal paraibano Luiz Couto, que visitou a ocupação dos estudantes no Centro de Vivência do campus I. Também participaram das discussões a deputada estadual Estela Bezerra e o vereador eleito de João Pessoa, Marcos Henriques.
O protesto desta sexta-feira começou por volta das 6h30, com panfletagem nos portões da UFPB. Em seguida, os manifestantes interromperam parcialmente o trânsito no girador da avenida Pedro II (em frente ao Centro de Comunicação, Turismo e Artes) e no girador do lado do Centro de Tecnologia. A passagem foi limitada a um ou dois carros por vez, o que permitiu ao movimento panfletar e dialogar com os motoristas.
“Acho que foi positiva essa estratégia, porque a gente via muitas pessoas demonstrando apoio ao movimento”, descreveu a estudante de psicopedagogia Letícia Silva, uma das integrantes da ocupação da UFPB.
Às 14h, os estudantes, além de professores, técnico-administrativos e outras categorias de trabalhadores, se juntaram a um ato público no centro de João Pessoa, com concentração em frente ao colégio Liceu Paraibano. Já à noite, segundo Letícia Silva, foram realizadas atividades culturais no Centro de Vivência. No sábado, os estudantes farão reunião para avaliação interna do movimento.
Letícia Silva afirma que os estudantes são contra a PEC 55 porque ela vai cortar direitos básicos de toda a população e vai interferir negativamente no funcionamento das universidades federais. Eles também lutam contra a reforma do Ensino Médio, que, entre outros pontos, derruba a exigência da licenciatura para a contratação de professores. “Muitos dos que integram a ocupação são alunos de licenciatura, profissionais que podem perder vagas de emprego com essa medida”, afirma.
O professor Marcelo Sitcovsky, presidente da ADUFPB, destacou a importância do movimento e os perigos do Projeto de Emenda Constitucional 55/2016, que tramita no Senado e pode congelar os investimentos públicos pelos próximos 20 anos.
“Hoje é um dia nacional de paralisações, mobilizações e piquetes em todo o País, contra a PEC 55, que coloca em risco o funcionamento das políticas sociais necessárias para atender a população. Os trabalhadores foram às ruas, defender a democracia e os direitos trabalhistas e denunciar a imposição de medidas que afetam apenas o povo. A atividade de hoje também foi um chamamento para a paralisação do próximo dia 25, quando também realizaremos protestos e ações de mobilização”, afirmou.
Ele lembra que, somente no ano passado, o governo federal gastou R$ 1 trilhão com o pagamento da dívida pública, um dinheiro que poderia ser utilizado na economia e em investimentos em políticas sociais, ajudando o Brasil a sair da crise.
Sitcovsky alertou para o fato de que a PEC 55 coloca em risco as universidades federais. “As atividades de ensino, pesquisa e extensão irão sofrer com a ampliação do processo de precarização das universidades, com o corte de bolsas, de verba para pesquisa, extensão e assistência estudantil, com a limitação das despesas de manutenção e de expansão das instituições”.
Haverá impactos também sobre a carreira docente, com o congelamento das progressões funcionais e a enorme defasagem dos salários, que vão ficar 20 anos sem reajustes reais. “Além disso, há a previsão de que os cargos vagos com a aposentadoria dos funcionários não possam ser substituídos”, declarou Marcelo Sitcovsky.