Os professores da UFPB vão parar as atividades no dia 18 de março, em adesão ao Dia Nacional de Lutas e Paralisações convocado por sindicatos e frentes populares do país. A proposta foi aprovada por unanimidade em rodada de assembleias realizada na terça-feira (10), nos campi de Areia e Litoral Norte, e na quarta-feira (11), em João Pessoa e Bananeiras. Também foi acatada pelos docentes a proposta de convocação de nova assembleia até o final de março para avaliar o ato do dia 18 e para construção da greve na categoria.
O 18 de março vem sendo construído desde o final de 2019, inicialmente como uma greve geral da Educação convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Mas os mais recentes ataques do governo Bolsonaro à democracia, aos trabalhadores e ao serviço público ampliaram a luta. Sindicatos e frentes populares se uniram e diversas categorias já estão aderindo à paralisação em defesa da democracia, dos direitos, da soberania nacional, do serviço público e de qualidade e pela valorização dos servidores.
Com a decisão da assembleia de professores, não haverá aulas nos quatro campi da UFPB no próximo dia 18. E o sindicato convoca toda a categoria a participar do grande ato público que ocorrerá em João Pessoa. A concentração começa às 8h, em frente ao Liceu Paraibano. Na sequência, os manifestantes seguirão para a sede local do Ministério da Economia, localizada na avenida Epitácio Pessoa (antiga Receita Federal).
Outra proposta aprovada pela assembleia docente foi uma moção de apoio aos estudantes do curso de Gastronomia da UFPB, que decidiram parar as atividades em protesto contra a falta de estrutura do curso, que não oferece sequer os insumos básicos para as aulas práticas. “Se a gente não pagar os insumos, não temos aula”, explicou o estudante Artur Ribeiro, que apresentou a situação dos alunos à assembleia de professores.
Cerca de 15 estudantes estiveram presentes, com cartazes que pediam segurança, insumos e até extintores de incêndio no Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional, ao qual o curso de Gastronomia está ligado. Segundo Artur Ribeiro, recentemente ocorreu um acidente com fogo em uma das cozinhas da unidade de ensino. Embora não resultado em vítimas fatais, alguns estudantes chegaram a se queimar. Nesta quinta-feira, 12, os estudantes vão realizar uma mesa-redonda para discutir a situação do curso. A atividade ocorrerá às 14h, no CTDR.
Congresso do Andes
No campus de João Pessoa, a assembleia docente ocorreu na manhã da quarta-feira, no Centro de Vivência. A atividade teve início pela apresentação de informes. A professora Maria Ivete Martins e o professor Joaquim Feitosa, que fizeram parte da delegação da ADUFPB no 39º Congresso do Andes, relataram os principais pontos do evento, realizado de 4 a 8 de fevereiro.
Dois debates foram destaques, segundo eles. O primeiro foi a aprovação por unanimidade da adesão da categoria ao dia 18 de Março. O segundo, a decisão de manter a filiação do Andes – Sindicato Nacional à CSP-Conlutas. Após ampla discussão, esse tema foi para votação de plenária e recebeu 255 votos a favor da manutenção da filiação, 142 contrários e 15 abstenções.
Entretanto, os professores também decidiram pela realização de um Conad extraordinário para avaliar a atuação da CSP-Conlutas nos últimos 10 anos e levar os resultados desse debate para o próximo Congresso do Andes, que será realizado no início do 2021, em Porto Alegre (RS).
A professora Maria Ivete também falou ainda sobre a eleição para nova diretoria do Andes, que ocorrerá nos dias 12 e 13 de maio. Ela explicou que duas chapas foram inscritas durante o 39º Congresso: o chapa 1, denominada Unidade para Lutar: Em defesa da educação pública e das liberdades democráticas, e chapa 2, denominada RENOVA ANDES.
Semana Mulheres em Resistência
A professora Sandra Luna, diretora Cultural da ADUFPB, apresentou alguns informes sobre a Semana Mulheres em Resistência, organizado pelo sindicato. De acordo com ela, a atividade integra a Jornada 8 de Março, que envolve 75 movimentos de mulheres da Paraíba. O grande ato aconteceu no próprio Dia do Internacional da Mulher, o 8 de março. A atividade foi um evento político-cultural no Largo de Tambaú (Busto de Tamandaré), em João Pessoa, com a realização de falas políticas, apresentações musicais e feira de artesanato.
Já a Semana Mulheres em Resistência é uma realização da ADUFPB, com a participação do Sintespb e do DCE-UFPB. As atividades tiveram início na última segunda-feira (9) e se encerram nesta sexta-feira (12), com a divulgação da Carta das Mulheres em Resistência da Paraíba. Ao longo da semana foram realizadas palestras e mesas-redondas nos quatro campi da UFPB, abordando assuntos como diversidade, direitos humanos, questões étnico-raciais, enfrentamento à violência, história da luta das mulheres do campo, qualidade de vida, política e sindicalismo.
Informes jurídicos
Ainda no momento de informes, o diretor de Comunicação da ADUFPB, professor Cristiano Bonneau, falou sobre as questões jurídicas que envolvem o sindicato. De acordo com ele, no dia 5 de março, foi realizada uma grande reunião na sede sociocultural, no bairro do Cabo Branco, com a participação de 120 professores para tratar sobre o processo dos 28,86%, sobretudo dos 50 grupos que estão com precatórios.
Na ocasião, o professor Fernando Cunha, presidente da ADUFPB, apresentou a comissão de assuntos jurídicos criada pela Diretoria Executiva para acompanhar o andamento dos processo. O grupo é formado por Fernando Cunha, Cristiano Bonneau, Marta Diniz (tesoureira da ADUFPB) e Iranice Muniz (diretora da secretaria de Bananeiras).
O professor Cristiano informou, ainda, que nesta quinta-feira (12), estaria em Brasília, juntamente com o presidente Fernando Cunha e o advogado da assessoria jurídica da ADUFPB, Paulo Guedes, para audiência no Superior Tribunal de Justiça (STJ), para tratar sobre os processos sobrestados e que estão em andamento no STJ sob a relatoria do ministro Benedito Gonçalves.
Em seguida, o grupo participará na sexta-feira e no sábado do encontro do Andes-SN sobre assuntos jurídicos, que vai abordar os vários projetos do governo federal que atingem a carreira docente. “É um encontro com as assessorias jurídicas das ADs e os dirigentes para tentar ter um maior número de informações possíveis sobre como as outras entidades estão enfrentando não só politicamente, mas do ponto de vista jurídico todos esses ataques que estamos sofrendo”, explica Bonneau.
Geap
Além da questão dos 28,86%, o diretor de Comunicação da ADUFPB informou sobre a reunião com o jurídico realizada no dia 5 de março para tratar dos aumentos abusivos que vêm sendo praticados pelo plano de saúde Geap. “Nós estamos à frente também desse processo para tentar auxiliar os colegas do ponto de vista jurídico. Tivemos um bom encontro aqui, na Sala de Leitura da sede da ADUFPB, e ficou encaminhado que buscaríamos mais informações sobre esse tema no encontro das assessorias jurídicas do Andes-SN”. O objetivo é avaliar como outras ADs estão lidando com essa questão do ponto de vista jurídico.
Avaliação da Diretoria
Antes da votação sobre a greve geral, o presidente da ADUFPB, Fernando Cunha, fez uma avaliação da conjuntura nacional e disse que a indicação da Diretoria Executiva do sindicato é de adesão ao 18 de Março e a construção na base do processo de mobilização para uma greve da categoria.
Ele alertou para alguns dos principais ataques do governo Bolsonaro, como a reforma da Previdência e a reforma Administrativa, que abre a possibilidade de contratação sem concurso público e redução da jornada de trabalho no serviço público com redução do salário.
Segundo o presidente da ADUFPB, em novembro do ano passado, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação indicou o 18 de março como data da greve nacional da educação. “Em dezembro, as centrais sindicais se reuniram e concordaram em transformar essa data em um dia de luta, incorporando a pauta sindical, trabalhista e econômica”, explica.
A data integra a Jornada de Março, que começou com as atividades do 8 de Março, seguem com o 14 de Março – quando será realizado o Festival Marielle vive, na Praça da Paz – e, por fim, o 18 de Março – Dia Nacional de Lutas e Paralisações em defesa dos serviços públicos, dos servidores, contra os processos de privatização, em defesa da soberania nacional e da educação.
Fonte: Ascom ADUFPB