Os professores da UFPB, em greve desde o dia 17 de maio, aprovaram na última quarta-feira (23/8) a continuidade da greve e a contraproposta elaborada pelo Andes – Sindicato Nacional para quando forem retomadas as negociações com o governo. Dos docentes presentes à assembleia geral realizada pela manhã no auditório da reitoria, 157 votaram a favor da continuidade da greve, 15 foram contrários e três preferiram se abster. Já a contraproposta do Andes foi aprovada por 152 votos a favor, nenhum voto contrário e duas abstenções.

No início da assembléia, o Comando Local de Greve informou que a contraproposta do Andes foi protocolada nesta quarta-feira nos ministério da Educação e do Planejamento e no Planalto Federal. Depois, representantes do Comando Nacional seguiram para uma reunião com a Comissão de Educação da Câmara. Um grupo ficará em vigília no Planalto até esta sexta-feira (24/8), quando a greve dos professores completa 100 dias.

Das 59 universidades federais do País, 53 continuam sem aula. Na semana passada, foi divulgado que a UnB (Universidade de Brasília), uma das maiores instituições de ensino de Brasil, havia aprovado o fim da greve.

Entretanto, docentes denunciaram que a assembleia que votou o reinício das aulas havia sido marcada apenas para discutir o processo sucessório na Universidade. Durante a reunião, entretanto, o sindicato local alterou a pauta e incluiu a votação da greve. Revoltados, na última segunda-feira os professores realizaram uma reunião com a presença de cerca de 300 pessoas para repudiar o ocorrido na assembleia da semana passada e fazer o chamamento para uma nova assembleia, a ser realizada na sexta-feira.

O principal tema discutido pelos professores da UFPB nesta quarta-feira foi a contraproposta elaborada pelo Andes. O professor Marcelo Sitcovsky fez uma apresentação dos pontos chaves do texto. São eles: categoria única de professor federal em 13 níveis, linha única no contracheque para a remuneração docente, isonomia e paridade, piso de R$ 2.018,77, “steps” entre níveis de 4% e reajuste em apenas parcelas. Clique aqui para ver a apresentação na íntegra.

A assembleia também aprovou uma moção de repúdio dirigida à presidente Dilma Roussef e o calendário de atividades dos próximos dias (veja abaixo).

Calendário de atividades:

4ª feira, 22/08

14h00 – Reunião Ampliada com estudantes da UFPB no centro de vivência

5ª feira, 23/08

9h00 – Reunião do CONSEPE

14h30 – Reunião do CLG

15h00 – Entrevista coletiva à imprensa

Reuniões em Bananeiras (9h30) e Areia (14h30)

6ª feira, 24/08

16h00 – Concentração para o Ato dos Estudantes (Praça dos três poderes) e Marcha a partir das 17h00

2ª feira, 27/08

9h00 – Reunião com professores e coordenadores da EaD

4ª feira, 29/08

9h00 – Assembleia dos professores, Centro de Vivência

6ª feira, 31/08

15h00 – Roda de Conversa (PPGE e Coletivo Canto Geral) com tema “Algumas verdades sobre a comissão da verdade” com a Profª Cecília Maria Bouças Coimbra.

 

MOÇÃO DIRIGIDA À PRESIDENTE DA REPÚBLICA DILMA ROUSSEF

A assembleia dos professores em greve da Universidade Federal da Paraíba aprovou por unanimidade a seguinte moção:

“Cerca de 97% das assembleias de base decidiram continuar a greve, a federação Proifes, com a qual o seu governo acabou de assinar um acordo, não representa este conjunto. A proposta de acordo apresentada pelo governo não atende a reestruturação da carreira para melhorar nossas condições de salário e trabalho.

Todos sabemos que existem recursos para atender as nossas reivindicações, bastaria o governo adotar outra política, deixando de destinar bilhões do dinheiro público na forma de isenções de impostos e outros incentivos à iniciativa privada, grandes empresários e multinacionais que só no ano passado, por exemplo, receberam r$ 184 bilhões, valor quase 43 vezes maior do que os parcos R$ 4,2 bilhões que seriam destinados aos docentes federais. Há recursos para atender nossa pauta. Estamos dispostos a negociar com o governo para termos uma proposta que atenda as nossas reivindicações. Por isso, nos dirigimos a vossa excelência, presidente Dilma Roussef, para que determine a reabertura de negociações com o comando unitário que representa as entidades locais e nacionais em greve.”

 João Pessoa, 22 de agosto de 2012.