Em meio à pandemia de Covid-19, projetos desenvolvidos na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) vêm contribuindo para manter de pé aqueles que estão na linha de frente da guerra contra o vírus: os profissionais de saúde. Professores e estudantes trabalham juntos para produzir equipamentos de proteção conhecidos como “face shields”, máscaras em acetato que cobrem todo o rosto do profissional, reduzindo a possibilidade de contágio. Entre os apoiadores dos projetos está a ADUFPB, que tornou-se parceiro com a doação de insumos necessários à fabricação.
Os beneficiados pelas duas ações – uma delas desenvolvida pelos departamentos de Ciências Farmacêuticas e de Arquitetura e Urbanismo e outro, no Laboratório de Fabricação Digital (FabLab), ligado ao Centro de Energias Alternativas e Renováveis (Cear) – são médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais trabalhadores de saúde da Paraíba, além de outros profissionais atuam no atendimento de emergência, como o Corpo de Bombeiros.
Juntos, os dois projetos já doaram mais de 600 “face shields”. Para fabricar os equipamento, ambos contam com o apoio da UFPB e de doações. No caso da ADUFPB, serão doadas folhas de acetato e de PETG (material semelhante ao acetato) que serão utilizadas para fabricar cerca de 2.300 face shields.
Entre as instituições já atendidas pelos dois projetos estão o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) e o Hospital Clementino Fraga, ambos referência no sistema de saúde da Paraíba para o tratamento da Covid-19. Também já receberam doações dos projetos os hospitais Padre Zé, Santa Isabel, Clementino Fraga, Napoleão Laureano, Metropolitano, Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, equipes do Samu, do Corpo de Bombeiros e hospitais de cidade do interior.
Até 100 protetores por dia
Um dos projetos é coordenado pela professora do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Celidarque Dias, e tem como vice-coordenador o professor Carlos Nome, do Laboratório de Modelos e Plotagens do Departamento de Arquitetura e Urbanismo. A equipe conta atualmente com sete pessoas, que são responsáveis pela arrecadação de doações, elaboração, manufatura, manejo e gerenciamento das distribuições. Por dia, eles conseguem montar de 70 a 100 protetores.
Segundo a professora Celidarque, o projeto surgiu de uma proposta apresentada pela aluna do doutorado em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos, Kalinka Dias. “Ela surgiu com a proposta e eu abarquei de pronto”, comentou. A professora explica que o projeto integra o grupo de enfrentamento à Covid-19, montado pela UFPB logo após a determinação de suspensão das aulas na universidade, em 17 de março, e recebe o apoio da universidade.
A primeira doação aconteceu no final do mês de março. Desde então já foram atendidas oito instituições tanto na capital, quanto no interior. Nos próximos dias, deve ocorrer a entrega de 400 face shields para o município de Patos, no Sertão do Estado.
Para que o trabalho tenha continuidade, as doações de insumos são muito importantes. A professora Celidarque conta que a parceria com a ADUFPB vai garantir para o projeto 100 folhas de acetato, o que resultará em 700 face shields. Pessoas, empresas ou instituições que queiram também colaborar com esse trabalho podem entrar em contato diretamente com a coordenadora pelo telefone (83) 98873-0292. “A gente passa o contato dos fornecedores aqui na cidade e a pessoa pode acertar diretamente com eles”, explica a professora Celidarque.
FabLab
O segundo projeto que contará com o apoio da ADUFPB é desenvolvido no Laboratório de Fabricação Digital (FabLab) do Centro de Energias Alternativas e Renováveis da UFPB. Quem está à frente da iniciativa é o professor Euler Macêdo, do Departamento de Engenharia Elétrica.
Ele explica que as máscaras face shields são destinadas aos profissionais da área de saúde que estão tendo contato direto com as pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. “Elas permitem uma proteção complementar à máscara N95 que o profissional de saúde deve utilizar. A ideia é produzir o maior número de máscaras possível para atender à demanda dos profissionais da área de saúde,que está muito grande em várias cidades da Paraíba”, explica.
De acordo com ele, não apenas a UFPB, mas todas as instituições públicas de ensino superior da Paraíba estão unidas para contribuir com ações e conhecimento técnico no enfrentamento à Covid-19. “Está se formando uma rede de instituições, com o Instituto Federal, a UEPB, a UFCG e a gente”, afirma. Segundo ele, essa rede é liderada pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio do Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes).
O trabalho desenvolvido no FabLab conta com a participação de cinco pessoas, que utilizam impressoras 3D para a fabricação dos face shields. Diariamente estão sendo produzidas cerca de 75 peças. “A gente utiliza a impressora 3D para fazer uma base que dá sustentação ao equipamento de proteção individual”, explica o professor Euler. Já receberam doações do projeto unidades de saúde como o HULW, os hospitais Metropolitano, Padre Zé, Napoleão Laureano e equipes de Samu. Para fazer doações ao projeto desenvolvido no FabLab, basta entrar em contato com a equipe pelo e-mail fablab@cear.ufpb.br.
ADUFPB
O presidente da ADUFPB, professor Fernando Cunha, explica que o sindicato vem direcionando esforços também para a reflexão e o apoio às ações de enfrentamento à Covid-19. Com a ajuda da tecnologia, a entidade continua trabalhando intensamente, realizando reuniões por videoconferência e planejando estratégias para contribuir com a sociedade neste momento de pandemia. O apoio aos projetos desenvolvidos na UFPB faz parte dessa plano de ação.
“É importante que se destaque o papel fundamental que as instituições públicas de ensino estão tendo neste momento. Elas atuam nas mais diversas frentes, no atendimento direto aos pacientes, nas pesquisas para se compreender melhor o vírus e planejar tratamentos e também no desenvolvimento de tecnologias para evitar o contágio e tratar pacientes”, destaca.
Fonte: Ascom ADUFPB