Após diversos cortes orçamentários da educação, que, juntos, somam mais de R$11 bilhões, o Comando Nacional de Greve (CNG) dos docentes federais iniciou a campanha “Abre as Contas Reitor(a)” – com o intuito de que as Instituições Federais de Ensino (IFE) divulguem publicamente como foram afetadas pela situação. Desde então, algumas reitorias têm divulgado o tamanho do impacto causado pelos cortes do governo federal no cotidiano das universidades.
O reitor da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), por exemplo, divulgou recentemente à imprensa que a instituição corre o risco de fechar no segundo semestre por conta dos cortes. Segundo ele, a Ufma perdeu, com os cortes, R$38 milhões de reais. Essa quantia representa 10% das verbas de custeio e 50% do orçamento total da universidade, impossibilitando o prosseguimento de obras, o pagamento de trabalhadores terceirizados e, inclusive, o prosseguimento das atividades acadêmicas.
A Universidade Federal de Lavras (Ufla) também abriu as contas. De acordo com notícia divulgada no site oficial da instituição, a universidade teve cortes de R$30 milhões, o que impactou diretamente o andamento de obras e a aquisição de novos equipamentos. A Ufla ainda ressalta que a pós-graduação enfrenta uma grave crise. A universidade, que mantém 47 programas de mestrado e doutorado e sete mestrados profissionais, teve cortes de 75% na área. Além disso, apenas 20% dos 25% que deverão ser honrados foram repassados para a instituição, ou seja, apenas 5% do orçamento originalmente previsto.
Na Universidade Federal do Pará (Ufpa), os cortes chegaram a R$50 milhões. A reitoria, no entanto, insiste que eles afetarão apenas atividades-meio e as obras que estão sendo realizadas na universidade. Os docentes em greve, entretanto, discordam da administração da universidade. O corte das bolsas de extensão, que fez com que – inclusive – projetos de extensão fossem fechados, demonstra, na prática, que o corte orçamentário atinge atividades-fim da Ufpa.
A reitoria da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) foi outra que abriu as contas após os cortes. Lá, o corte foi de R$26 milhões – 10% dos cerca de R$60 milhões em custeio e 50% dos cerca de R$ 40 milhões de investimento. Segundo o reitor, caso não haja a reversão dos cortes e suplementação orçamentária, não será possível pagar as contas de outubro, novembro e dezembro. Além dos cortes, há atraso nos repasses. Há uma dívida de R$ 1,6 milhão com a Imprensa oficial, atrasos no repasse a empresas terceirizadas, às empreiteiras, no pagamento de fornecedores de combustível, das contas de água, luz e telefone.
Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a reitoria manifestou preocupação com a política de Ensino à Distância (EAD), considerada uma das grandes prioridades do governo federal nos últimos anos. Para o segundo semestre deste ano, a UFSM teve que cancelar quatro cursos de Especialização devido à supressão orçamentária. Conforme o vice-coordenador da UAB na instituição, Reisoli Bender Filho, a parte de custeio do EAD está garantida, entretanto, não há garantia alguma de bolsas para professores e tutores.
Na Universidade Federal Fluminense (UFF), a reitoria não abriu as contas, mas a situação financeira se mostra caótica. Na última quarta-feira (19), parte da universidade ficou sem luz por conta de atraso no pagamento das contas. A UFF deve mais de R$9 milhões em contas de energia elétrica.
Outras universidades já se pronunciaram
Outras instituições, como a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já haviam divulgado como seriam afetadas com as restrições orçamentárias. Confira as matérias aqui e aqui.
*Com informações de Adufpa-SSind, Sedufsm-SSind, Adufcg-SSind, Ufla e Atual7
Fonte: ANDES-SN