2013 teve o maior número de greves, com aumento de 134% em relação a 2012. Naquele ano, no mês de abril, mais de 20 mil trabalhadores ocuparam a Esplanada dos Ministérios contra a retirada de direitos, em uma das várias manifestações que marcaram o período
O Departamento de Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou na última semana (16) um balanço das greves de 2013, com base nos dados do Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG). De acordo com o levantamento, de 2012 para 2013 houve um aumento de 134% das greves no país, com 2050 paralisações no total. Em 2012, foram 877 greves.
O ano de 2013, que foi o maior número de toda a série histórica – registrada desde 1978, tem como um dos destaques as mobilizações nas empresas estatais, com crescimento expressivo de 372%. Neste setor, foram 29 greves em 2012 enquanto no ano seguinte foram 137.
A pesquisa apresentou dados da esfera pública e privada, além das ações conjuntas entre estes dois setores. No setor privado, foram 464 greves ocorridas em 2012 e 1106 no ano de 2013. As campanhas conjuntas tiveram um aumento de 266,7%. O funcionalismo público realizou 381 greves em 2012 e 796 em 2013, um aumento de 109%.
Vale destacar o número de horas paradas, que é o maior desde o ano de 1990. Foram 111.342 horas paradas em 2013, considerando um importante avanço nas estatais, que tiveram aumento de 184% de horas paradas de 2012 para 2013.
“Em 2012 já tinham começado a aumentar o número das greves. Foi o ano em que os servidores federais, por exemplo, tiveram uma greve muito forte, inclusive com a participação os docentes das Instituições Federais de Ensino. Mas em 2013 já começamos a sentir os efeitos da crise. Esse foi o ano em ocorreu as manifestações espontâneas da Jornada de Junho, que são expressão do início do esgotamento do modelo econômico, que só aumentou com a crise”, avaliou Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN.
Duração
De acordo com o estudo, em 2012, ocorreram 646 greves deflagradas por tempo indeterminado, enquanto em 2013 os trabalhadores se colocaram mais combativos e fizeram o número subir para 1322. As greves de advertência aumentaram de 24% para 35% nestes dois anos e as de um dia foram mais frequentes no setor de serviços.Além do aumento das greves por categoria, paralisações no âmbito empresa/unidade cresceram de 503, em 2012, para 1289 em 2013.
Motivações das greves e resultados
A pesquisa avaliou as reivindicações dos movimentos, categorizando como greves propositivas – por novas conquistas ou ampliação das conquistas – e defensivas – em defesa de condições mínimas de trabalho, saúde, segurança ou como denúncia de descumprimento de acordos. Uma característica importante na avaliação deste período é que as mobilizações de caráter propositivo teve queda de 64% para 57%, enquanto as defensivas tiveram um aumento de 67% para 75%. No setor de serviços privados, em 2013, o pagamento de salário atrasados abrangeu 37% das reivindicações dos trabalhadores.
Em 2013, 80% das paralisações avaliadas (47% do total delas) tiveram algum êxito no atendimento de suas reivindicações. Na indústria privada, a maioria dos movimentos (56%) foi deflagrada por metalúrgicos, seguido por trabalhadores da construção (23%), químicos (7%) e do setor de alimentação (6%).
Esse resultado revela a grave e crescente precarização nas condições de trabalho e nos direitos mais básicos durante o período analisado. O Dieese descreve a avaliação como um “desbordamento” com a ação mais comum de categorias que habitualmente se mobilizam influenciando também segmentos menos organizados. Confira aqui o levantamento.
Para o presidente do ANDES-SN, o aumento de greves defensivas reflete a ampliação dos ataques dos governos e patrões. “Já estavam evidentes e começavam a serem sentidos os efeitos da crise financeira e da política de retirada de direitos dos trabalhadores”, comentou.
Paulo Rizzo ressaltou ainda a necessidade de intensificar a mobilização e resistência para 2016. “Ao que tudo indica, o próximo ano será um período de muitas ameaças aos direitos dos trabalhadores, em função da agenda política e econômica do país, que, mesmo numa situação de crise política, aponta para um período de lutas e resistências”, completou.
* Com informações da CSP Conlutas
Fonte: ANDES-SN