Em um ano marcado pelo medo do vírus, o afastamento forçando daqueles que amamos e o desespero diante da incompetência dos que nos governam, quem faz a luta sindical não se deixou paralisar. Ao contrário, viu-se desafiado a reinventar, a construir novas formas de enfrentar aqueles que subjugam os trabalhadores.
A ADUFPB não parou. Adaptou-se, conquistou novos espaços no mundo virtual, onde a luta é mais real do que nunca. Este foi um ano de lamento sim, de chorar por aqueles que nos deixaram. Mas o sindicato não sucumbiu e nem vai sucumbir. Aguardamos 2021 de pé, com as armas da democracia nas mãos.
Para marcar este ano de tantos e diversos sentimentos, a ADUFPB produziu um vídeo de retrospectiva carregado de poesia e sensibilidade. É um convite a voltar no tempo para renovar as forças e esperanças nos novos dias.
Confira (abaixo, leia o texto do vídeo):
Nascia 2020, prenhe de promessas, como nasce cada ano novo. E nossa luta se fez festa, celebração, alegria. E saiu às ruas. Fez-se ação, agitação, movimento, multidão. Fez-se ato, fez-se gesto, fez-se nota, manifesto. Vestiu-se de frevo, fez-se folia, cantou e dançou com o povo… E se fez grito e ressoou no rito das Mulheres em Resistência…
Tudo ensejava luta: a democracia em vertigem, as ameaças do des/governo, a destruição de direitos….
De repente, a peste, a pandemia… a ADUFPB se faz força-tarefa: há que prover máscaras, álcool gel, respiradores, alimentos, campanhas de isolamento; ficar em casa, aprender o trabalho remoto, tudo isso ao mesmo tempo, no turbilhão da luta, porque salvar vidas é preciso…
E é preciso também salvar a educação, discutir o ensino a distância, o mundo virtual, as carências, as recusas, as escusas…
A vida em modo hard diante do computador, a luta sem tréguas: reuniões, plenárias, assembleias, lives, eventos, palestras… Confrontamos o autoritarismo institucional, exigimos treinamento virtual, período letivo experimental, condições de trabalho, acesso universal. Assumimos a vanguarda dessa e de outras tantas lutas e nossas contundentes notas deram o tom aos debates e decisões institucionais.
Debatemos a gravidade do momento em 18 edições do Realidade Brasileira e Universidade. Entramos de vez na era digital e nossos canais virtuais se tornaram espaços efetivos de resistência e luta. Nossas redes sociais se expandiram, multiplicaram-se nossos seguidores e nossas formas de atuação política.
Demos vez e voz aos artistas. Criamos o Momento Arte e Cultura e o Terraço Cultural Virtual, produzindo 6 edições do Quinteto Convida em Casa.
Em meio a tudo isso, a vida sindical seguia seu fluxo: ações, moções, articulações, questões jurídicas, agenda política nacional, demandas locais… Após anos de espera e muita dedicação do sindicato, nossos sindicalizados e sindicalizadas receberam os precatórios da ação dos 28,86%. Entramos em festa, com a certeza de que a justiça foi feita.
Foi assim que chegamos às eleições e nossa luta por democracia e autonomia começou antes mesmo que ocorresse o pleito. Defendemos a paridade e a eleição em dois turnos. Lançamos a consigna Reitora Eleita é Reitora Empossada antes que fosse decretada a intervenção na UFPB. Com a nomeação do interventor, novas demandas de luta: assembleias, passeatas, paralisações, manifestos, comissões, eventos, ações jurídicas, políticas, articulações nacionais…
Muito foi feito e muito ainda há que fazer, mas o ano envelheceu e seu esgotamento exige de nós um balanço das horas findas, uma avaliação das batalhas, ganhas e perdidas, uma ponderação sobre a medida do possível.
Este foi certamente o ano mais difícil das nossas vidas. É preciso pausar o tempo para reverenciar os que se foram, os mais de 180 mil que tombaram vítimas dessa pandemia, muitos deles nossos conhecidos, amigos, familiares, colegas de trabalho, cujas memórias haveremos de honrar.
Decantadas as tristezas, que sejamos capazes de destilar a esperança. Porque, a despeito das agruras de 2020, um ano novo se anuncia, nas palavras do poeta João Cabral: “belo, porque tem do novo, a surpresa e a alegria.[…] belo porque o novo todo o velho contagia […] como o caderno novo quando a gente o principia”…
Que venha 2021! Estaremos juntos!
Quem tem sindicato nunca está só!