A palestra do reitor da UFPB, professor Rômulo Polari, na abertura do seminário “Universidade e Movimento Docente Hoje”, dia 3 de setembro apresentou vários dados estatísticos e procurou formular uma estratégia coerente de relações e mediações de fenômenos complexos, que vão desde a crise econômica internacional até a expansão recente do sistema de Universidades Federais no Brasil, com o Projeto Reuni. Otimista, Polari vê a crise internacional como um momento de oportunidades para o Brasil.
Ele conjecturou a possibilidade de o Brasil, já em 2020 vir a ser “a sexta economia mundial”. Para que esta aspiração seja efetivada, na opinião do Reitor, são necessários investimentos maciços em educação, elevando a participação dos investimentos em educação, ciência e tecnologia no PIB, ainda muito baixa no Brasil, na ordem de 3%, incluindo aí União, Estados e Municípios.
Em seguida, a professora Aparecida Ramos, Diretora do CCHLA, logo no começo de sua fala, disse concordar com a referência de Polari em relação ao fator Investimento/PIB como critério universal de preocupação com a educação, ciências e tecnologia, afirmando que os chamados países desenvolvidos investem em média 5,5% do PIB, e alguns até 8%, “lembrando que em termos absolutos – a ordem de grandeza numérica do PIB – esses países suplantam o Brasil”.
Para a professora Aparecida, há dois grandes desafios hoje, no tocante ao sistema Universidade-Ciência e Tecnologia, “garantir uma expansão do sistema com qualidade e garantir uma desconcentração regional dos investimentos em ciência e tecnologia, ainda concentrados no sudeste, em que pese as políticas, ainda tímidas de desconcentração.”
Tanto Rômulo Polari como Aparecida Ramos concordaram que houve um aumento do investimento nas Universidades Federais no Governo Lula. No entender de Aparecida, tais recursos ainda são insuficientes, tanto porque são comparados com um patamar muito baixo de investimentos – o governo FHC – como também por que é preciso garantir a qualidade da expansão e aproximar mais ainda o Brasil dos índices internacionais de investimento.
Assim, na palestra, foram apresentados pelos expositores, com conclusões diferentes, os números do governo Lula sobre o financiamento das Universidades Federais que corroboram com as análises anteriores.
* Segundo dados da Diretoria do Andes, Em 1995, o Governo gastava cerca de R$ 4 bilhões com todo o sistema federal de ensino superior. Em 2003, no primeiro ano do governo Lula, subiu para R$ 7 bilhões. Hoje, são R$ 12 bi. Os R$ 4 bilhões de 2003, corrigidos com a taxa de inflação correspondem a R$ 9 bilhões. E hoje estamos em R$ 12 bilhões. Se observarmos o quanto o PIB cresceu e o quanto aumentou a população, conclui-se que hoje seriam necessários mais de R$ 20 bilhões. Os R$ 4 bilhões, em 1995, equivalia a 0,4% do PIB. O percentual hoje é 0.6% do PIB. Qualquer país desenvolvido investe 1,5% a 2,5 % do PIB no ensino superior, ou seja, cinco vezes o que o Brasil investe.