O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, nesta quinta-feira (26), pela constitucionalidade da reserva de vagas em universidades públicas com base no sistema de cotas raciais. Os dez ministros que participaram da votação se manifestaram a favor da constitucionalidade do sistema, seguindo o voto do relator, Ricardo Lewandowski.

O ministro Antonio Dias Toffoli se declarou impedido de participar, por ter se manifestado favoravelmente ao sistema das cotas quando era advogado-geral da União.

‘Não basta não discriminar. É preciso viabilizar. A postura deve ser, acima de tudo, afirmativa. É necessária que esta seja a posição adotada pelos nossos legisladores. A neutralidade estatal mostrou-se, nesses anos, um grande fracasso’, disse Lewandowski ao anunciar seu voto, na última quarta-feira (25).

De acordo com a Agência Brasil, o último ministro a se manifestar nesta quinta-feira (26), o presidente do STF Carlos Ayres Britto, disse que a política compensatória se baseia na Constituição e que possíveis erros podem ser revistos na geração seguinte.

‘O preconceito é histórico. Quem não sofre preconceito de cor já leva uma enorme vantagem, significa desfrutar de uma situação favorecida negada a outros’, disse.

 

Questionamento

O STF julgou três ações que contestavam a validade do sistema de cotas.

Uma delas foi ajuizada pelo DEM em 2009, questionando as cotas raciais para ingresso na Universidade de Brasília (UnB). Segundo a ação, o sistema de cotas viola preceitos fundamentais da Constituição de 1988.

Ao anunciar seu voto, o ministro Gilmar Mendes disse que o modelo da UnB deve ser revisto, porque pode tender à inconstitucionalidade no futuro.

‘Todos podemos imaginar as distorções eventualmente involuntárias e eventuais de caráter voluntário a partir desse tribunal [racial da UnB], que opera com quase nenhuma transparência’, afirmou. Em 2004, a UnB foi a primeira universidade federal brasileira a adotar o sistema de cotas, reservando 20% das vagas a candidatos negros.

Dois índios que fizeram uma manifestação durante o julgamento foram retirados à força da Corte por seguranças do tribunal. Eles protestavam contra o fato de só o sistema de cotas raciais estar em julgamento.

 

Com informações da BBC Brasil