Começou na segunda-feira (22) o 37° Congresso do ANDES-SN na Universidade Estadual da Bahia (Uneb), em Salvador (BA). Instância máxima de deliberação do Sindicato Nacional, o congresso reúne mais de 500 professores e professoras e tem como tema central “Em defesa da educação pública e dos direitos da classe trabalhadora. 100 anos da Reforma Universitária de Córdoba”. Os representantes das seções sindicais do ANDES-SN discutirão, nos próximos dias, a conjuntura internacional e nacional e definirão as políticas prioritárias do Sindicato Nacional para 2018. É a terceira vez que a capital soteropolitana recebe um congresso do Sindicato Nacional. Em 1986, Salvador sediou o 5º Congresso, e, em 2004, a 23ª edição do evento.
Antes da plenária de abertura, os docentes conheceram um pouco mais da riqueza da cultura baiana, com a banda jovem da Escola de Tambores Olodum. Este ano, a instituição completa 35 anos de história e oferece desde a sua fundação cursos de formação – entre eles, música e dança. Em seguida a apresentação cultural, foi realizada a plenária de abertura do 37° Congresso que contou com a participação de dezenas de entidades e movimentos sindicais, populares e estudantis.
Caroline Lima, 1º vice-presidente da Regional Nordeste III do ANDES-SN e da comissão organizadora do evento, saudou os participantes e falou da importância desta semana de debates para construção do plano de lutas dos docentes. “Este vai ser um congresso importante e o resultado dele fará a diferença em 2018. Salvador é a capital da resistência. Aqui, os indígenas e malês resistiram, a população baiana expulsou os portugueses, no histórico 2 de julho que marcou o processo de independência da Bahia, e as mulheres participaram da Revolta dos Búzios. A capital da resistência recebe vocês para que saiamos daqui com uma Greve Geral que pare as contrarreformas. O ANDES-SN é um dos poucos sindicatos que mantém a sua autonomia e, a partir disso, faremos esse enfrentamento”, disse.
Para Milton Pinheiro, coordenador geral da Aduneb SSind., as discussões do congresso, além de definirem as pautas de luta deste ano, também permitem melhor entendimento da realidade das universidades públicas e da conjuntura política do país. “A nossa aliança com a classe trabalhadora é para resistir às contrarreformas, avançar na luta pela transformação da sociedade e dar uma reposta dos trabalhadores nessa conjuntura tão difícil de um novo ciclo da direita no Brasil”, disse.
Saulo Arcangeli, representante da CSP-Conlutas, iniciou sua intervenção afirmando que o ANDES-SN sempre esteve presente nas lutas contra a retirada de direitos e privatização, e contra os ataques à Previdência Social. “Este ano foi um ano de lutas e como sempre o ANDES-SN, junto com várias entidades, fortaleceu a mobilização e não se intimidou. Participou das Jornadas de Março e do dia 8, da Greve Geral de 28 de abril, quando paramos 40 milhões de trabalhadores na maior greve do país, no dia 24 de maio, no Ocupe Brasília, no dia 10 de novembro e também no dia 5 de dezembro”, afirmou.
Gabryel Henrici, da Oposição de Esquerda da União Nacional dos Estudantes (OE/UNE), criticou a conjuntura do país e a crise econômica seletiva. “Precisamos rememorar um projeto de educação, como a Reforma de Córdoba, que foi emancipadora e mudou o caráter da educação na América Latina. Infelizmente, os que estão no poder tentam acabar com mínimo que temos. Temos hoje quase 16 milhões de desempregados, e uma crise econômica seletiva, que atinge a população mais pobre. E a Reforma da Previdência só não foi aprovada ainda, porque existe uma insatisfação popular. Então, precisamos defender a democracia, o nosso projeto de educação, juventude e a classe trabalhadora”, disse.
José Júnior, representante da Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet), explicou que os estudantes estão na luta, em unidade com a classe trabalhadora, em defesa de um projeto social que emancipe a população brasileira. “Esse congresso está sendo realizado em um momento histórico desse país, de muitas lutas que representam a ponta de lança contra aqueles que querem retirar os nossos direitos, apresentando projetos neoliberais, que exploram os oprimidos da nossa sociedade. Se temos um projeto da reforma da Previdência que tramita no congresso, temos também gente que luta por seus direitos”.
Filipe Brito, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), contou que, durante todo o ano de 2017, o movimento continuou junto com o ANDES-SN na luta e mobilização contra as reformas. “O único caminho a se trilhar na busca por transformação social é o da luta. E não geramos luta com sectarismo. Temos que usar o exemplo do ANDES-SN e do MTST que, apesar das leituras diferentes de conjuntura, provam que a unidade na luta é possível”, afirmou. E completou: “Aqueles e aquelas que lutam um dia são bons, os que lutam por muitos dias são muito bons, mas os que lutam toda a vida são imprescindíveis”, disse Brito parafraseando Bertolt Brecht.
Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, realizou a intervenção final da plenária de abertura. Farage destacou ser um momento muito relevante de conjuntura política do país. “É necessário ter uma ampla articulação com as centrais sindicais, movimentos em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. Este ano completa 200 anos do nascimento do Karl Marx, 170 anos do manifesto comunista que contribuiu para a organização dos operários. Além disso, este ano marca também os 100 anos da reforma de Córdoba e 130 anos da abolição da escravidão, conquistada pela luta dos movimentos negros. Essas lutas até hoje nos inspiram”, afirmou.
Por fim, Eblin ressaltou que um sindicato precisa ser autônomo, classista, de luta e combativo. E relembrou que este ano marca os 40 anos do ANDES-SN, que surgiu ainda como associação, e desde então vem se destacando por ser um sindicato classista, de base e de muita combatividade. “É isso que marca a história desse sindicato”, concluiu a presidente do ANDES-SN.
Participaram também da mesa Alexandre Galvão e Amauri Fragoso de Medeiros, secretário-geral e 1° tesoureiro, respectivamente, do Sindicato Nacional; Marcelo Ávila vice-reitor da Uneb; João Carlos Salles da Universidade Federal da Bahia (Ufba); Ronaldo Naziazeno do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe); Firmino Júlio de Oliveira Filho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau (Sintest), Sheila Queiroz, representante do Conselho Federal de Serviço Social (Cfess); Adilson Sampaio representante do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc); Lídia de Jesus da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps); e Marlúcia Paixão da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco).
Lançamento de materiais
Logo após a plenária, os diretores do ANDES-SN, Olgaíses Maués e Luís Acosta, apresentaram o Manifesto de Córdoba de 1918, distribuído aos participantes, e tema do 37° Congresso e, na sequência, ocorreu o lançamento dos materiais Caderno 28 do ANDES-SN com o tema “Neoliberalismo e Política de C&T no Brasil. Um balanço crítico (1995-2016)” e da 61° edição da Revista Universidade e Sociedade, com o tema “Desmonte da Educação Pública – os ataques às universidades estaduais e aos colégios de aplicação”.
Ao som da Internacional – hino da classe trabalhadora – foi encerrada a plenária de abertura do 37° Congresso do ANDES-SN.
Fonte: ANDES-SN