Uma audiência pública para tratar sobre o problema da segurança na UFPB reuniu a comunidade universitária e representantes da reitoria na manhã desta quarta-feira (4), no Centro de Vivência do campus I, em João Pessoa. A realização da atividade foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni), no dia 19 de fevereiro, por causa do assassinato do estudante de Filosofia Clayton Tomaz. Autor de denúncias no Ministério Público e nas redes sociais contra a segurança terceirizada da UFPB, Alph, como era conhecido, chegou a afirmar que poderia ser morto pelos guardas que atuam no campus.
Entre os participantes da audiência pública estavam a proponente, professora Angeluce Soares, o professor Alexandre Nader, representando a ADUFPB, a vice-reitora Bernardina Freire e o Superintendente de Segurança Institucional da universidade, Saint Clair Avelar. Dezenas de pessoas, a maioria estudante, também compareceram ao Centro de Vivência.
Ao final das três horas de debates, ficou decidido que a minuta de resolução da Política de Segurança Institucional (PSI) da UFPB seria disponibilizada na página eletrônica da universidade para consulta pública que ocorrerá até o dia 30 de abril. Além disso, os centros de ensino serão orientados a abrir discussão pública sobre a PSI até 5 de maio. E uma nova audiência pública está prevista para acontecer até 12 de maio.
Para o presidente da ADUFPB, professor Fernando Cunha, a audiência cumpriu a sua finalidade, trazendo de volta a discussão sobre a segurança dentro da universidade. “O fato de sair com esse calendário de atividades é muito importante, porque coloca a questão para análise de toda a comunidade universitária”, afirma.
Durante a audiência desta quarta-feira, a vice-reitora Bernardina Freire fez uma apresentação sobre o processo de construção, desde 2016, da Política de Segurança Institucional da UFPB. Segundo ela, séries de reuniões, discussões coletivas e audiências públicas foram realizadas em todos os centros da universidade para ouvir a comunidade e formatar a minuta do PSI.
Em sua fala, o professor Alexandre Nader destacou que o setor de segurança também vem sofrendo os efeitos da atual política do governo federal de sucessivos cortes nos orçamentos das instituições federais de ensino e isso terá consequências trágicas.
Já o superintendente de Segurança Institucional da UFPB, Saint Clair Avelar, falou sobre as ações que estão sendo desenvolvidas para ampliar os serviços de segurança na universidade, como a instalação de até 220 câmeras de vigilância no campus I nos próximos seis meses, com programa de reconhecimento facial e postural. Além disso, será instalado o “botão do pânico”, um aplicativo desenvolvido pela Superintendência de Tecnologia da Informação da UFPB que permitirá às pessoas avisarem caso se encontrem em situação de risco.
Representando os estudantes, a aluna do curso de Jornalismo Juliana Lima criticou declarações do superintendente Saint Clair Avelar, em entrevista à imprensa após a morte de Clayton Tomaz, em que ele diz não ter conhecimento de denúncias do estudante à ouvidoria da universidade. Juliana destacou que a própria reitora Margareth Diniz, na última reunião do Consuni, admitiu as denúncias. “[a declaração do superintendente] atingiu muito, principalmente quem já fez denúncia nessa universidade, que se sentiu completamente silenciado”, declarou a estudante. “Pra gente, está muito difícil confiar na gestão da UFPB”, concluiu.
Fonte: Ascom ADUFPB